quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ásia quer se transformar em pólo de negociações de carbono

Por Paula Scheidt, do CarbonoBrasil

Não é preciso se esforçar muito para encontrar em casa um produto que tenha sido fabricado no leste asiático. Basta ver algumas etiquetas e logo você irá se deparar com um “Made in China”. Agora, estas nações querem deixar a sua marca em um commodity quem vem se mostrando bastante promissor: o crédito de carbono.

Os bons números deste mercado têm chamado a atenção dos centros financeiros asiáticos, que estão atentos a novos negócios. Hong Kong, Tóquio, Cingapura, Bombaim, Xangai e Pequim são algumas das cidades que já pensam em abrir bolsas de créditos de carbono.

De acordo com a Point Carbon, se os Estados Unidos criarem algum esquema de metas e comércio, o mercado global de carbono poderá valer US$3 trilhões em 2020.

Especialistas projetam um crescimento de 8,6% nos países em desenvolvimento deste continente, com a China na liderança. "A China está crescendo com um apetite voraz por recursos e o comércio entre os países do leste asiático cresceu quase 55%, enquanto na União Européia se mantém constante e o Nafta cai", explica o professor de políticas públicas da Escola UCLA, dos Estados Unidos, Kenichi Ohmae.

Com exceção do Japão, que tem metas de redução de gases do efeito estufa (GEE) a cumprir, a Ásia tem desempenhado um papel de fornecedor de reduções certificadas de emissões (RCEs) vindos de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), previsto pelo Protocolo de Quioto.

A China sozinha responde por 52% do fornecimento global de RCEs, seguido pela Índia, com 14% e o Brasil, com quase 9%. China, Índia, Malásia, Tailândia e Coréia do Sul juntas geram quase 75% do total de RCEs anuais de projetos registrados nas Nações Unidas.

A Ásia não possui nenhuma plataforma real para transações. A maioria dos créditos é comprada por empresas européias e governos, que precisam atingir as metas de redução de Quioto, através de brokers, acordos bilaterais ou negociações pessoais.

Cada país, uma estratégia diferente

A Bolsa de Valores de Hong Kong desenvolve um estudo sobre a melhor maneira de se posicionar no mercado de carbono. As autoridades chinesas, por sua vez, trabalham em plataformas próprias.

A Bolsa de commodities da Índia – que já fez uma aliança estratégica com a Bolsa do Clima de Chicago (CCX) – lançou o comércio de contratos futuros de créditos de carbono em janeiro deste ano.

Estes créditos a futuro são contratos derivativos ou padrão que permitem aos compradores e vendedores entrar em um acordo legal obrigatório para comprar ou vender créditos de carbono a um certo preço para ser entregue em uma determinada data no futuro. Contratos futuros protegem as partes contratantes contra riscos de preços.

A Bolsa de Valores da Coréia do Sul prevê o lançamento de um setor de comércio de carbono ainda neste ano. A Singapura planeja se tornar um imã deste tipo de negociações e está oferecendo benefícios fiscais para atrair empresas que as transacionam.

Apesar de a maioria dos participantes de mercado não se mostrar muito disposto a revelar os planos, fontes do mercado apontam uma variedade de opções de negócios. “Comércio de RCEs, Reduções Voluntárias de Emissões (RVEs) e derivativos são as possibilidades mais óbvias”, disse o gerente de serviços de sustentabilidade da KPMG, Rahul Kar, sediada na Singapura.

Derivativos são instrumentos financeiros complexos baseados no valor de bens subjacentes, que neste caso são créditos de carbono.

* Com informações do Climate Change Corp.

Leia também: Ásia quer se transformar em pólo de negociações de carbono (http://www.envolverde.com.br/?materia=50386">http://www.envolverde.com.br/?materia=50386)

(Envolverde/Carbono Brasil)

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