quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Recuo do gelo expõe novas ilhas no Ártico

Ilhas até então desconhecidas estão aparecendo no verão devido ao recuo do gelo do Ártico em níveis inéditos, disseram especialistas, questionando se o ritmo do aquecimento global não está superando as projeções da ONU - Organização das Nações Unidas.

Outro fenômeno registrado neste ano foi a dificuldade enfrentada por focas e ursos polares no arquipélago norueguês de Svalbard, já que o gelo marinho do qual esses animais dependem para a caça derreteu muito antes do normal.

"Reduções de neve e gelo estão acontecendo num ritmo alarmante", disse a ministra norueguesa do Meio Ambiente, Helen Bjoernoy, em um seminário com 40 cientistas e políticos que começou na noite de segunda-feira em Ny Alesund, a 1.200 quilômetros do Pólo Norte.

"Esta aceleração pode ser mais rápida que o previsto (neste ano pelo painel climático da ONU)", disse ela a jornalistas. Ny Alesund, base para a exploração ártica, se intitula o lugar permanentemente habitado mais ao norte do mundo.

"Pode haver um Ártico sem gelo até meados deste século", disse Christopher Rapley, diretor da Pesquisa Antártica Britânica, acusando o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática de ter subestimado o degelo nas duas regiões polares do globo.

Ilhas - O degelo dos glaciais que vão do interior para a costa de Svalbard revelou várias ilhas que não estavam nos mapas. "Sei de duas que apareceram no norte de Svalbard neste verão e não foram reivindicadas ainda", disse o ambientalista Rune Bergstrom, consultor do governo norueguês na ilha.

O pesquisador disse ter visto uma das ilhas, do tamanho aproximado de uma quadra de basquete. Outras ilhas apareceram nos últimos anos nas costas da Groenlândia e Canadá.

Apesar de tantos alertas sobre o aquecimento, nevava na segunda-feira (20) em Ny Alesund, em pleno verão, várias semanas antes que o normal na região, que nesta época ainda está sendo banhada pelo sol da meia-noite.

Bjoernoy diz que a nevasca foi extemporânea e não invalida os alertas sobre o aquecimento.

Na sexta-feira (17), o Centro Nacional de Dados dos EUA sobre Neve e Gelo disse que o trecho congelado no Ártico "caiu abaixo do recorde mínimo absoluto de 2005 e ainda está derretendo". O gelo do Ártico atinge seu nível mínimo em setembro, quando então volta a congelar. A estatística norte-americana se baseia em dados de satélite desde a década de 1970.

Rapley disse que o recuo do gelo é ruim para as populações nativas e para a vida animal, mas que pode ajudar a exploração de gás e petróleo ou a abertura de rotas marítimas entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

A Noruega espera que o seminário pressione os governos a aceitarem cortes maiores nas emissões de gases do efeito estufa. Participam do evento representantes da China e dos EUA, os dois maiores poluidores mundiais.

Estadão Online

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