quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Nicarágua aceita cooperação brasileira em biocombustíveis

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, concordou em aceitar a cooperação do Brasil no desenvolvimento de biocombustíveis. Nesta quarta-feira (08), em uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ortega insistiu que pretende explorar a geração elétrica a partir de hidrelétricas, mas que poderá introduzir a produção de biocombustível em seu país.

A única ressalva que fez é que a produção de etanol a partir do milho está vetada, por razões de segurança alimentar. Ortega advertiu também que não pretende ver países latino-americanos transformados em monocultores agrícolas.

No encontro, o presidente Lula antecipou a disposição do governo brasileiro de financiar a construção de hidrelétricas, na Nicarágua, e de estimular a participação de empresas brasileiras nessas obras. Advertiu, entretanto, que a Nicarágua, que passa por apagões de energia de sete a oito horas por dia, terá de, em curto prazo, utilizar o modelo energético que for mais fácil.

Em longo discurso, Lula enfatizou que cada país deve adotar o modelo energético compatível com os seus recursos e as suas necessidades de segurança alimentar. Lembrou que assim como é impossível a produção de etanol a partir de milho na Nicarágua, seria impossível a produção do bicombustível a partir do feijão, no Brasil. Mas acrescentou que a questão do aquecimento global associada à necessidade de assegurar fontes de energia é um dilema compartilhado por todas as economias do mundo no século 21. "É preciso ser claro que é a discussão dobre os biocombustíveis deve se dar em função da realidade de cada país. Eu não quero que a suíça produza biocombustíveis. Quero que compre do Brasil ou da Nicarágua" afirmou.

Lula disse que quando começou a estimular a produção de biodiesel considerou a possibilidade de esse combustível dar uma chance produtiva aos países mais pobres, especialmente para a África. Ele lembrou que apenas 20 países detém a matriz petrolífera no mundo, enquanto que a dos biocombustíveis poderá envolver 120 países.

De maneira ilustrativa, o presidente lembrou que o Brasil explora petróleo a cinco mil metros de profundidade, em plataformas que geram 7 mil empregos, mas custam 2 bilhões de dólares. "Nem todos os países têm tecnologia, reservas de petróleo e recursos para esse tipo de exploração. Mas em todo o país do mundo, por mais pobre que seja, há alguém que saiba cavar um buraco de 30 centímetros para produzir o óleo que vai necessitar".

Estadão Online

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