quarta-feira, 23 de maio de 2007

Grã-Bretanha lança ambicioso plano de energia para reduzir dependência e aqueciment

LONDRES - A Grã-Bretanha divulgou na quarta-feira um ambicioso plano para garantir seu suprimento de energia e combater o aquecimento global, prevendo a construção de novas usinas nucleares, o uso de mais energia vinda de fontes renováveis e o cumprimento de metas por empresas e pessoas físicas. A quantidade de gás e petróleo retirada pelo país do mar do Norte vem diminuindo, e o governo britânico conhece a dependência da Rússia, que fornece 40% do gás consumido na Europa e interrompeu a distribuição do suprimento no ano passado.

- Para mim, é bastante claro o fato de ser importante mantermos um suprimento misto de energia. Não podemos ser dependentes demais do gás importado. Isso não só seria ruim para o meio ambiente, como seria muito preocupante quando se pensa na segurança do fornecimento futuro de energia - disse o ministro do Comércio e da Indústria, Alistair Darling.

A Grã-Bretanha pretende também cumprir suas metas de emissão de carbono. Ao anunciar o Plano de Energia, Darling deixou claro que os britânicos devem investir na energia nuclear, citada no último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) como uma das opções para combater o aquecimento.

“ Se a opção nuclear for excluída, há chances de o lugar dela ser ocupado pela energia gerada na queima de gás e carvão ”

- Se a opção nuclear for excluída, há muitas chances de o lugar dela ser ocupado pela energia gerada na queima de gás e carvão, uma atividade que, como se sabe, emite carbono - afirmou Darling.

O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair - que deixará o cargo em junho -, e muitos de seus ministros insistem que o país precisa ter mais usinas para gerar energia nuclear. Essas novas usinas forneceriam 20% da energia elétrica vinda da sua rede atual, já envelhecida.

Apenas uma das usinas nucleares da Grã-Bretanha deve continuar funcionando depois de 2023, e mesmo o mais otimista dos defensores da opção nuclear afirma que a construção de uma nova usina desde o zero levará pelo menos dez anos.

Segundo Darling, uma decisão sobre a construção de novas usinas precisa ser tomada neste ano.

No entanto, como foi duramente criticado no começo deste ano por não debater adequadamente a questão nuclear com a opinião pública, o governo também se viu forçado a lançar nesta quarta-feira um longo processo de consulta que deve durar até o começo de outubro.

Cortes até 2020: o equivalente a emissão de todos os veículos do país

O ministro afirmou também que nenhum dinheiro público seria gasto na construção das usinas. Mas não há indícios claros de que verbas do setor privado estarão disponíveis para esse tipo de investimento - de grandes proporções e sem garantia de retorno.

Darling disse que as novas medidas significariam deixar de emitir 33 milhões de toneladas de carbono até 2020 - o equivalente ao total das emissões realizadas por todos os veículos automotores do país. O governo britânico deseja triplicar o uso da eletricidade vinda de fontes renováveis e aumentar a eficiência no consumo de energia.

A meta da União Européia (UE) para 2020 é obter 20% de sua energia de fontes renováveis. Na mesma linha, um projeto de lei debatido atualmente no Parlamento britânico prevê que as emissões de dióxido de carbono realizadas pelo país, que alimentam o aquecimento global, caiam em 60% até 2050.

O Globo Online

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