É possível garantir mais crescimento econômico sem aumentar a produção de energia. Essa é a avaliação do diretor-executivo do Greenpeace internacional, Gerd Leipold. Na contramão do discurso econômico usual, Leipold afirma que o crescimento sustentável depende mais da eficiência energética e de fontes renováveis do que do aumento da oferta.
Ele citou como exemplo o Estado da Califórnia, nos EUA. Segundo Leipold, o consumo de energia lá não cresce há quase três décadas porque o Estado decidiu implementar medidas de regulamentação, que envolvem a participação do governo, das indústrias e dos consumidores.
Nos demais Estados americanos, o consumo cresceu de 30% a 50% no período.
Em visita ao Brasil, ele tem encontro marcado com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para discutir mudanças climáticas, a situação da Amazônia e o papel de liderança que o país pode exercer em desenvolvimento sustentável.
Leipold criticou a discussão da retomada do programa brasileiro de energia nuclear. Segundo ele, construir Angra 3 é uma decisão errada e o Brasil tem condições de diversificar as fontes de energia com a aposta na energia solar e na energia eólica. Leipold afirmou que a tecnologia eólica --cujo custo é criticado-- já é competitiva hoje em dia.
"Existem muitas maneiras de desperdiçar dinheiro e a energia nuclear é uma das melhores. Se olharmos ao redor do mundo, o número de reatores está caindo. Nenhuma usina nuclear foi construída no mundo somente com financiamento privado nos últimos 20 anos", disse.
O Greenpeace critica ainda o planejamento energético brasileiro. A estimativa é que o percentual de energia gerado a partir de fontes renováveis caia de 85% para 50% nos próximos anos. Sobre o álcool, a organização afirma que é melhor do que o petróleo, mas que pode fazer aumentar o preço da comida.
O Greenpeace conta com 30 mil membros no Brasil e 2,8 milhões no mundo todo. É mantido com doações. Suas campanhas no Brasil se referem à preservação da floresta amazônica, a aspectos climáticos e energias renováveis e à agricultura sustentável.
Janaína Lage
da Folha de S.Paulo, no Rio
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