segunda-feira, 14 de maio de 2007

Al Gore cobra liderança do Brasil em tema ambiental

Andrea Vialli

O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore cobrou mais atitude do Brasil em relação às mudanças climáticas em palestra na noite de anteontem, em São Paulo, para um público seleto de 500 lideranças políticas e empresariais. “O Brasil pode oferecer liderança para o mundo nas questões de meio ambiente. O País já é líder em áreas como os combustíveis renováveis, com o etanol, mas pode fazer muito mais”, disse Gore. “O Brasil não pode dar munição aos inimigos dos combustíveis renováveis.”

Gore afirmou que o Brasil deve se preparar para a chamada ‘terceira geração’ do etanol, cuja matéria-prima será a celulose, e criticou a oposição entre desenvolvimento e meio ambiente no País. “Esse conflito é um mito. Nas áreas da Amazônia há meios de conciliar desenvolvimento e preservação”, disse, cobrando maior engajamento de políticos na preservação da Amazônia.

A palestra seguiu os mesmos moldes das apresentadas no filme Uma Verdade Inconveniente, dirigido por David Guggenheim e ganhador do Oscar de melhor documentário 2006, que mostra a cruzada de Gore por vários países, onde desfila uma série de dados científicos que evidenciam o peso da ação humana no aquecimento global. Questionado se haveria tempo para reverter o impacto das mudanças climáticas, Gore disse que talvez a humanidade tenha, no máximo, dez anos para começar a agir antes de chegar ao ponto sem retorno.

“Os líderes só vão acordar quando o povo acordar”, disse. “Mas estou otimista, vi mudanças no último ano.” Gore enfatizou o interesse de países em diminuir as emissões de gases-estufa, como alguns da União Européia e a Nova Zelândia, que têm adotado metas próprias de controle das emissões de CO2. Após o evento, foi oferecido um coquetel, regado a uísque e espumante, no auditório do Ibirapuera. O mestre-de-cerimônias do evento foi Roberto Setúbal, presidente do Banco Itaú, que patrocinou a vinda de Al Gore. Entre os presentes, estavam políticos, como o vice-presidente José Alencar, os ministros Fernando Haddad (Educação) e Hélio Costa (Comunicações) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.


O Estado de São Paulo

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