terça-feira, 15 de maio de 2007

2006 teve inverno mais poluído em dez anos

Não houve dispersão de poluentes em 60% dos dias de julho e agosto


Eduardo Reina e Juliano Machado


O inverno de 2006 foi o mais desfavorável à dispersão de monóxido de carbono, ozônio e material particulado da atmosfera nos últimos dez anos na Grande São Paulo. Isso contribuiu negativamente nas concentrações dos poluentes observadas principalmente nos meses de julho e agosto, que tiveram mais de 60% dos dias desfavoráveis à dispersão desses componentes. No total do ano, foram 32% dos dias que não contribuíram à dispersão, contra 29% em 2005.

Os números constam do relatório de qualidade do ar no Estado que a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) divulga hoje. O documento mostra que, no ano passado, os 7,3 milhões de veículos que circulam na Grande São Paulo foram a fonte mais significativa de poluição do ar. O monóxido de carbono foi o componente que mais pesou na poluição do ar, respondendo por 65,4% dos 2,3 milhões de toneladas de emissão de poluentes na Grande São Paulo em 2006. Em seguida, apareceram os hidrocarbonetos, como o gás metano, com 16% do total.

O estudo mostra que o ozônio é o poluente que mais ultrapassou os padrões aceitáveis do ar na região metropolitana, acima do limite de 160 microgramas por metro cúbico (veja quadro). É quando a qualidade do ar passa a ser considerada inadequada, causando problemas de saúde, como irritação dos olhos e das vias respiratórias.

Julho e agosto foram os meses com o maior número de dias desfavoráveis à dispersão: 19 e 13, respectivamente. Em 2005, os mesmos meses tiveram 9 e 10 dias desfavoráveis. No período de maio a setembro de 2006, a freqüência de passagens de massas de ar causadoras de chuvas foi inferior à média dos últimos dez anos, principalmente entre maio e agosto.

Os veículos representaram 97% das emissões de monóxido de carbono (1,48 milhão de toneladas) e 40% de material particulado (929 mil toneladas), além de 331 mil toneladas de óxidos de nitrogênio e 9,1 mil toneladas de óxidos de enxofre.

Em 2006, foram registradas 90 ultrapassagens do limite máximo de poluentes na atmosfera - ainda assim, 20% a menos que as 112 verificadas em 2005. Embora tenha havido uma melhora, os números não indicam ainda uma tendência clara de queda nas concentrações atmosféricas desse poluente, de acordo com o relatório.

A queda das concentrações atmosféricas de monóxido de carbono, segundo o estudo da Cetesb, tiveram ritmo mais lento em 2006 na comparação com os anos 90.

São Caetano e Taboão da Serra foram os municípios com maior registro de ultrapassagens do nível estabelecido pelo padrão. São Caetano teve quatro registros acima da média e Taboão, três.

COMBUSTÍVEIS

Do total de veículos, 6 milhões são movidos a gasolina, álcool e gás; 430 mil a diesel; e 870 mil são motos. A frota representa um quinto dos veículos em circulação em todo País.

Os técnicos da Cetesb ressaltam que o Brasil é o único país no mundo que conta com uma frota veicular que utiliza etanol em larga escala como combustível. Na frota atual da Grande São Paulo, os veículos movidos a etanol hidratado representam 12,3 % e os movidos a gasolina (mistura 22% de etanol e 78% de gasolina), representam 65 %.

Na década de 90, o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) tornou mais rigorosos os limites de emissões de carros novos.

A Cetesb divulga hoje outros cinco relatórios, com indicadores de qualidade ambiental coletados em 2006 em todo o Estado, referentes a águas litorâneas, interiores e subterrâneas, resíduos sólidos (lixo) e atendimentos a emergências químicas.

O Estado de São Paulo

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