terça-feira, 15 de maio de 2007

Lula erra ao cobrar crédito de carbono


Ele cobra ‘reembolso’ por queda em taxa de desmatamento, mas nem o fundo de onde sairia o dinheiro ainda existe

Clarissa Oliveira e Cristina Amorim

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiantou-se ontem a uma discussão que ainda depende da aprovação internacional e resolveu cobrar, dos países ricos, um pagamento pela redução do desmatamento na Amazônia.

Eu quero saber quem é que está recebendo crédito de carbono nesse mundo. O Brasil diminuiu nos últimos dois anos em 52% o desmatamento. E era para termos recebido alguns centavos de dinheiro, de dólar, de crédito de carbono. Até agora não recebemos”, disse o presidente, que inaugurou ontem uma planta de turbinas da Siemens, em Jundiaí (SP).

Lula foi além: avisou que aproveitará a próxima reunião do G-8, marcada para junho na Alemanha, para cobrar de países desenvolvidos o ressarcimento de créditos de carbono ao Brasil.

Acontece que desmatamento evitado não gera créditos de carbono sob o escopo do Protocolo de Kyoto. O que o governo brasileiro defende atualmente é a criação de um fundo voluntário para compensar os países tropicais que reduzirem a perda de carbono de suas florestas, ou seja, deixarem de derrubar árvores.

A proposta tem sido debatida em mesas internacionais de negociação sobre mudanças climáticas, inclusive em uma reunião que acontece nesta semana em Bonn, na Alemanha. Para floresta em pé virar centavos de dinheiro na forma de créditos ou um fundo, como deseja o presidente, o plano brasileiro (ou qualquer outro na mesma linha proposto por outro país) precisa ser aprovado pela Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas. Contudo, a próxima reunião da convenção acontece apenas em dezembro, na Indonésia.

Há uma tendência forte de que o segundo período de Kyoto (depois de 2012) contemple florestas, tanto reflorestamento quanto conservação”, explica Ingrid Person, da consultoria Max Ambiental. “Mas, por enquanto, é apenas um rascunho. As partes ainda estão discutindo como fazer para gerar créditos de carbono a partir do desmatamento evitado.


ESTADOS UNIDOS

Outro presidente, o americano George W. Bush, notório opositor do Protocolo de Kyoto, ordenou ontem que a agência ambiental dos EUA regule a emissão veicular de gases-estufa até o fim de 2008, três semanas antes do fim de seu mandato


O Estado de São Paulo

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