domingo, 30 de janeiro de 2011

Uma imagem vale mais que mil palavras (e ações)


A imagem se tornou cada vez mais poderosa no cotidiano da população, especialmente quando o soviético Yuri Gagarin exclamou: “a Terra é azul!”. As imagens ganharam uma força muito grande e foi muito bem apropriada pelas agências publicitárias. Na nova fase regulatória do capitalismo, imagem e publicidade adquirem um destaque especial.

Esse processo, iniciado lá pela década de 70, tem hoje importância fundamental nas relações comerciais das empresas (principalmente as grandes, pois têm mais condições) e, inclusive, dos Estados. O discurso ambiental vem se reforçando cada vez mais a partir do fim do século XX, e impõe às empresas novas formas de relação da produção com suas práticas ambientais. Todo mundo quer ser sustentável e, mais do que ser, precisa mostrar isso.

Com certeza, a sociedade evoluiu em importantes áreas nas últimas décadas com o avanço das novas tecnologias, mas, prevalece-se, e com muita intensidade, ações de marketing das empresas, dando-se destaque às suas responsabilidades socioambientais, mas, na verdade, existe muito mais criação de uma imagem responsável através da publicidade. Por isso, se intensifica a obtenção de “selos verdes”, como a série ISO 14.000, mas não muda-se a lógica da produção. Florestas são criadas, ditas de reflorestamento, mas na verdade são fundos de reserva que serão posteriormente utilizadas, como fazem as empresas de celulose. Ou seja, estamos falando muito mais de “produção de imagem” do que ações realmente efetivas para melhorias socioambientais.

Para se conseguir o famoso selo ISO 14.001 não é necessário nenhuma melhoria na prática. A obtenção do selo vem antes da melhoria, trazendo um diferencial para quem o possui em relação aos seus concorrentes. Não é nada mais que intenções! Ou seja, não são nada mais que ações de marketing.

O principal objetivo do marketing, no fim das contas, é fazer vender, fazer com que os produtos ou serviços sejam consumidos e a roda capitalista, enfim, continue a girar. Assim, por mais verde que seja o marketing dentro dessas configurações, o resultado final não será muito diferente do que vemos hoje, aumento dos problemas socioambientais em todo mundo.

Nos círculos de debates ambientais, virtuais ou não, têm-se um nome específico para essas práticas, que é o greenwashing, onde empresas constroem uma imagem ambiental a partir de práticas e produtos ditos sustentáveis. Como disse antes, a publicidade vale muito para as empresas no período atual, e não é à toa o que diz um já famoso ditado: “a propaganda é a alma do negócio”. Mas, como diria a galera da Nação Zumbi, “Como pode a propaganda ser a alma do negócio se esse negócio que engana não tem alma?”

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