terça-feira, 13 de abril de 2010

Programa Defensores do Clima do WWF-Brasil é lançado oficialmente em São Paulo

O auditório lotado, na manhã desta sexta-feira (9), era a prova irrefutável: o evento, que começaria dentro de poucos minutos, trataria de um assunto dos mais importantes. Distribuídos pelo auditório do Hotel Meliá Jardim Europa, em São Paulo, representantes de empresas e jornalistas presenciaram, nas três horas seguintes, o Lançamento Nacional do Programa Defensores do Clima, do WWF-Brasil. Criada pela Rede WWF em 2009, a iniciativa é um convite para que o setor privado reduza, em termos absolutos, as emissões de carbono de seus processos operacionais. A Natura é a primeira companhia brasileira (e, também, entre todos os países em desenvolvimento) a aderir ao Programa.

A primeira metade da agenda foi destinada à apresentação técnica de representantes do WWF-Brasil e empresas parceiras, além de personalidades atuantes na causa ambiental. Composta por Eduardo Jorge, Secretário Municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo, Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, Superintende de Conservação do WWF-Brasil, Marcos Vaz, Diretor de Sustentabilidade da Natura, Fernando Von Zuben, Diretor de Meio Ambiente da Tetra Pak e Dr. José Eli da Veiga, professor titular do Departamento de Economia da Universidade de São Paulo (USP), a mesa se encarregou de reforçar a importância da adequação de análises de riscos e oportunidades aos negócios do setor corporativo em busca de uma economia de baixo carbono.

Criado em 1999 pela Rede WWF, o Programa Defensores do Clima conta com um grupo seleto de empresas. Apenas em 2010, as 21 parceiras evitarão, juntas, o lançamento de 14 milhões de toneladas de gases de efeito estufa, número de mesma ordem da grandeza das emissões da cidade de São Paulo em 2003. De acordo com Eduardo Jorge, aliás, a lei de Mudanças Climáticas aprovada pela prefeitura de São Paulo é referência para outras cidades. “É muito importante ter um diagnóstico geral dos setores responsáveis pela concentração de carbono na atmosfera. Só assim é possível estabelecer políticas públicas”, afirmou.

O inventário de todas as emissões empresariais é, também, um dos pilares do Programa. Dividido em seis etapas, ele teve hoje o seu primeiro passo na relação com as empresas convidadas. Trata-se de uma conversa informal, de explicação sobre os parâmetros propostos e a importância do engajamento de companhias. Em seguida, há a avaliação das políticas e ações climáticas da empresa pleiteante e o acordo de metas ambiciosas, com apoio técnico e de comunicação do WWF-Brasil. Por fim, existe a comunicação de resultados e a verificação bi-anual feita por uma auditoria independente.

“É uma questão de sobrevivência. Estamos vivendo uma mudança de paradigma e, se o clima e o capital natural não estiveram na equação dos negócios, não será possível alcançar a perenidade empresarial. Existe um leque variado de opções para a mitigação do problema, como eficiência energética de produtos, em processos industriais ou administrativos e uso de energias renováveis. A meta global é que, em 2012, o Programa chegue a 100 milhões de toneladas de carbono evitadas”, disse Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, Superintendente de Conservação do WWF-Brasil.

A Natura saiu na frente de seus pares do Hemisfério Sul e, em dezembro do último ano, confirmou a inclusão na lista de Defensores do Clima – durante a COP15, realizada em Copenhague. O objetivo é cortar 10% das emissões de carbono em seu processo industrial, responsável por 6% do lançamento total da empresa. Para tanto, vai substituir os combustíveis fósseis de seus fornos, que geram energia térmica para o site Cajamar, por etanol, assim como o da frota particular de veículos. O mesmo vale para o site Benevides, no Pará, a ser alimentado por biomassa em breve.

“É uma questão de longevidade do negócio. Vamos continuar crescendo, mas queremos que isto aconteça junto com a conservação da biodiversidade, manutenção dos recursos hídricos e combate às mudanças climáticas. Mas, com o Programa Natura Carbono Neutro, lançado em 2007, já conseguimos diminuir em 96 mil toneladas o lançamento de gases estufa”, explicou o diretor de sustentabilidade da Natura, Marcos Vaz.

Engajamento semelhante tem a Tetra Pak no mundo, outra parceira do Defensores do Clima. Até o fim deste ano, ela terá cortado 10% das emissões nas fábricas, com foco em eficiência energética. Uma nova meta, no entanto, está sendo preparada, ainda mais grandiosa. “A Rede WWF foi essencial para a compra de Green Energy, como eólica, solar, hidrelétricas. Elas têm certificado e isto nos ajudou muito a atingir os alvos”, completou Fernando Von Zuben.

A segunda metade do evento foi destinada a perguntas dos convidados e entrevistas com a imprensa. Agora que o Programa foi, de fato, lançado no Brasil, a expectativa é de que novas empresas identificadas com o tema também contribuam na luta contra o aquecimento global. Deste modo, elas terão a oportunidade de liderar o seu segmento e se preparar melhor para as regulações que, sem duvida, estão por vir. A crise ecológica é urgente, sem precedentes e só conseguirá ser superada com o apoio do setor corporativo.

WWF-Brasil

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