terça-feira, 17 de novembro de 2009

Lula e Sarkozy cobram Estados Unidos e China por acordo climático

Presidentes brasileiro e francês atacaram tentativa de criação de um 'G2'.
Documento assinado neste sábado por Brasil e França não traz números.

2411"Não temos o direito de permitir que o presidente Obama e que o presidente Hu Jintao façam um acordo com base apenas nas realidades políticas e econômicas dos dois países", disparou o brasileiro. Neste fim de semana, Obama realiza turnê pela Ásia, e teria encontro em Pequim com a cúpula do governo chinês. Não satisfeito, Lula foi além: "No fundo, o que estamos vendo é a tentativa de criação de um G2, com interesses específicos, para resolver o problema climático dos dois países sem se importar com os compromissos que temos de ter com o conjunto da humanidade."

"O Brasil não está brincando"

O presidente brasileiro também pediu mais ambição dos dois governos. "É preciso que os Estados Unidos, como maior economia do mundo, sejam os mais ousados do mundo", exortou, completando: "E que a China, que não tem a mesma responsabilidade dos países desenvolvidos, mas que cresce de forma extraordinária, tenha um pouco mais de ousadia."

As declarações, feitas ao lado da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e frente à cúpula do governo francês, foram endossadas por Sarkozy e pelos ministros das Relações Exteriores, como Bernard Kouchner, e do Meio Ambiente, Jean-Louis Borloo. Um pouco mais comedido, sem citar os nomes de Obama e Jintao, o chefe de Estado francês também atacou o suposto entendimento entre Estados Unidos e China. "Vocês sabem da admiração que tenho pelos Estados Unidos e da confiança que tenho no presidente Obama. A primeira economia do mundo deve estar à altura de suas responsabilidades", afirmou Sarkozy, até aqui considerado em seu país um presidente "Atlantista", ou sejam, amigo dos Estados Unidos.

A seguir, o francês argumentou: "O mundo é multipolar. Não transformamos o G8 em G20 para nos encontrar face a algo que seria ainda mais fechado", disse, mais uma vez em alusão à relação entre EUA e China.

As críticas de Lula foram feitas um dia após o governo brasileiro anunciar a proposta que levará a Copenhague, prevendo "objetivos" - e não "metas", que no jargão diplomático significam obrigações - de redução de emissões entre 36,1% e 38,9% até 2020. O presidente ressaltou que o Brasil já havia decidido combater o desflorestamento, prevendo sua redução em 80% até 2020. Então, mais uma vez comparou seus objetivos aos dos Estados Unidos, lembrando que o plano climático coordenado por Dilma "equivale à redução que o presidente Obama está mandando ao Congresso Nacional" norte-americano. "O Brasil não está brincando", garantiu.

Sarkozy, que ouviu em silêncio os discursos de Lula e Dilma por mais de 15 minutos, foi só elogios à proposta brasileira. "O Brasil é o primeiro país emergente do mundo que assume engajamento preciso desta natureza", ressaltou.

Planejado para ser o centro das atenções, o documento conjunto divulgado por Brasil e França acabou ficando em segundo plano. Embora Lula o tenha definido como uma "bíblia climática" que poderia "balizar" outros países para um "paradigma igual ou próximo", o documento traz apenas compromissos, mas não números - vitais para o sucesso de Copenhague.

Fonte: Portal G1 / Agência Estado.

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