terça-feira, 17 de novembro de 2009

Desmatamento na Amazônia e Redução das Emissões de Carbono - Verdades e Mentiras

Por Luiz Prado - Atualidades - www.luizprado.com.br

Enquanto o governo brasileiro – leia-se, Lula e Dilma – patina na tomada de decisões sobre metas de redução de emissões de gases causadores de mudanças climáticas, a China se posiciona oficialmente pela manutenção dos princípios do Protocolo de Kyoto, de acordo com o qual os países desenvolvidos devem assumir as responsabilidades, enquanto os demais – incluindo a própria China e a Índia, que parecem estar de acordo sobre esse ponto – ficam isentos de ter metas obrigatórias até 2020, pelo menos.

Metas obrigatórias no Brasil dependeriam de estudos sobre a viabilidade da redução das emissões por setores de atividades econômicas, e esses estudos simplesmente não existem.  Assim, apenas como exemplo, na área de transportes urbanos, a decisão de impor pelo menos um aumento progressivo e definido de ônibus híbridos – já fabricados no Brasil e exportados -, seria fácil avaliar a redução nas emissões nessa área.  E assim, em muitas outras.  Mas não, o samba de uma nota só reduz-se a compensar emissões com o plantio de florestas.

Enquanto isso, a China investe massivamente em tecnologias de energias renováveis e em eficiência energética.  Os compressores eletrônicos de alta eficiência utilizados nos aparelhos de ar condicionado brasileiros, por exemplo, são todos fabricados na China.

É literalmente impossível falar em desmatamento zero na Amazônia quando até o final de 2010 deverão ser regularizadas 500.000 posses!  Mas, que importa?  Esse é assunto para as próximas administrações.  O que pesa agora é o lero-lero político.

Além disso, vale lembrar que (a) apenas 60% das florestas amazônicas estão em território brasileiro (os 40% restantes estão no Perú, Colômbia, Venezuela, Ecuador, Bolívia, Suriname Guiana e Guiana Francesa), (b) as florestas amazônicas representam apenas 50% das florestas tropicais úmidas remanescentes no mundo (as demais, na Ásia por exemplo, estão sendo rapidamente substituidas por plantações de dendê para a produção de biocombustíveis) e, (c) o que tem sido guardado em segredo, as florestas boreais estocam quase o dobro do carbono contido nas florestas tropicais úmidas!

Aos costumes!

No Canadá, apenas 8% dessas florestas são protegidos, enquanto 50% foram concedidos a empresas florestais para corte raso.   Simples assim!  Cerca de 80% das árvores de florestas boreais nativas cortadas no Canadá são exportados para consumo e processamento nos EUA para fazer desde produtos madeireiros até papel higiênico.  E a maioria dessas empresas concessionárias desse corte raso nas florestas boreais do Canadá exporta madeira “certificada” por organizações impostoras como o Forest Stewardship Council (FSC).

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC recomendou, em 2007, que as florestas boreais fossem totalmente protegidas e o Canadá nem piscou.  Nele encontram-se a maior extensão de florestas nativas do mundo.  As florestas boreais cobrem 15% da superfície terrestre do planeta e estocam 30% do carbono de todos os biomas.

Uma boa parte dessas florestas está no Alasca – em território dos EUA -, mas os cientistas dos países altamente industrializados e as suas ONGs que tudo sabem e tanto falam sobre as emissões das florestas amazônicas ainda estão “pesquisando” as emissões decorrentes do corte raso das florestas boreais.  Sobre as emissões decorrentes do desmatamento na Amazônia as ONGs tipo WWF enchem o peito para fazer afirmações certeiras, em casas decimais.

Esses “segredinhos” talvez valham como subsídios para as decisões do presidente Lula.  Mas valem, sobretudo, para abrir os olhos dos brasileiros que vivem nas cidades e se alarmam com as manipulações de informações dos Greenpeaces da vida.


Essas informações podem ser encontradas em
http://news.mongabay.com/2009/1112-hance_boreal.html
e em http://www.whrc.org/borealNAmerica/index.htm, em inglês.


Não se defende, aqui, que as florestas amazônicas brasileiras sejam deixadas ao léu.  Apenas, tenta-se esclarecer como atuam os grupos de interesse e com que tipo de responsabilidade moral para com a humanidade outros países se comprometem.

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