sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Proteção à camada de ozônio alcança adesão global

Por Fabiano Ávila, do Carbono Brasil 


Protocolo de Montreal se torna o primeiro pacto ambiental aceito por todos os países integrantes da ONU e cresce o interesse para que ele assuma ainda mais responsabilidades no combate às mudanças climáticas.

O Tratado de Montreal, que estabeleceu em 1987 uma série de diretrizes para a redução do uso de substâncias que destroem a camada de ozônio, se tornou nesta semana o primeiro acordo ambiental a ter a participação de todos os 196 países que integram a ONU ao receber a adesão do Timor-Leste.

“Estamos muito felizes por aderir à luta pela restauração da camada de ozônio. Estamos orgulhosos de ser parte do Protocolo de Montreal e assim nos unir a todos os outros Estados que nos precederam”, declarou o primeiro-ministro do Timor-Leste, Xanana Gusmão.

A cerimônia de assinatura foi realizada durante as comemorações do Dia Internacional de Proteção da Camada de Ozônio, nesta quarta-feira (16). O tratado é considerado um sucesso ao conseguir restringir ou eliminar o uso de mais de 100 químicos nocivos à camada. Porém, serão ainda necessários mais 50 anos para que ela se restaure plenamente.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM) o tamanho do buraco da camada de ozônio projetado para 2009 será menor que em 2008, porém maior que o de 2007.  Até este mês, a brecha já possuía 24 milhões de quilômetros quadrados, contra os 27 milhões do ano passado e 25 milhões em 2007.

“Sem o Protocolo de Montreal e a conseqüente Convenção de Viena, a concentração de substancias agressivas à camada de ozônio teriam se multiplicado por 10 até 2050, o que levaria a mais de 20 milhões de casos de câncer de pele e 130 milhões de casos de catarata, sem falar nos danos para a natureza e para a agricultura”, afirmou o sub-secretário geral e diretor executivo do Programa de Meio Ambiente da ONU (UNEP), Achim Steiner.

Mudanças climáticas

Hoje se sabe que muitos dos gases que são abrangidos pelo Protocolo de Montreal também contribuem para as mudanças climáticas. “De acordo com algumas estimativas, a redução do uso de substâncias nocivas à camada de ozônio desde 1990 ajudou a atrasar o aquecimento global em sete a 12 anos”, disse Steiner.

 É pensando nas mudanças climáticas que uma nova série de gases, os hidrofluorcarbonos (HFCs) e hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), que começaram a ser utilizados em refrigeradores no lugar dos clorofluorcarbonos (CFC), se tornaram os novos alvos do Protocolo de Montreal.

Esses químicos, apesar de inofensivos à camada de ozônio, são grandes contribuintes para o efeito estufa. O HFC, por exemplo, tem um potencial de aquecimento global 14.760 vezes maior que o dióxido de carbono (CO2)

Segundo um estudo recente do Laboratório de Pesquisas de Sistemas Terrestres dos EUA (NOAA), atualmente a contribuição dos gases HFCs para o aquecimento global é de menos de 1%, mas em 2050 a participação desses gases para as mudanças climáticas pode chegar a 12%.

Nesta terça-feira (15), os Estados Unidos confirmaram o apoio à idéia das pequenas nações insulares de que o Protocolo de Montreal também seja utilizado para combater os gases do efeito estufa.

“Uma vez adotada, essa proposta ajudará o presidente Obama a alcançar a sua meta de redução de gases do efeito estufa em 80% até 2050, assim como contribuirá para os esforços de cortes globais de emissões em 50% até 2050”, informou o Departamento de Estado dos EUA à AFP.

“No ano passado, os governos já haviam pedido para os secretários executivos do Protocolo de Montreal e a Convenção Quadro das Nações Unidas para as Mudanças do Clima (UNFCCC) trabalharem juntos, em um espírito de uma grande união”, explicou o secretário executivo do secretariado de ozônio da ONU, Marco González.

Em novembro, na cidade de Port Ghalib, no Egito, será realizada uma reunião internacional para traçar as futuras determinações do Protocolo de Montreal, incluindo seu papel no combate do aquecimento global e para o fechamento de um acordo climático mundial.

“Será o primeiro encontro a reunir o maior número possível de representantes de Estados sob o mesmo tratado. Será um evento histórico”, afirmou Marco González.

Segundo cientistas, as pesquisas sobre a camada de ozônio nos anos 1980 não davam 100% das explicações, mas apontavam para um problema sério que deveria ser combatido.

De forma semelhante, atualmente não há uma unanimidade com relação às mudanças climáticas, mas seus efeitos já são percebidos ao redor do mundo e a sensação de que o momento de agir é agora cresce a cada dia.

Brasil

Ao participar das comemorações do Dia Internacional de Proteção da Camada de Ozônio, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que o país está “bem na fita” quando o assunto são as medidas para proteger a camada de ozônio.

Minc anunciou a doação de um equipamento de origem alemã que vai auxiliar na troca de gás CFC (clorofluorcarbono) em geladeiras velhas. O ministro lembrou que as novas geladeiras não possuem mais CFC, mas que as velhas, ao serem levadas para o conserto ou mesmo para o ferro-velho, passam por um processo onde o gás poluente é liberado.

Fonte: Pnuma

(Envolverde/CarbonoBrasil)

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