segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Radares velozes

Por Fábio Reynol, de Campinas (SP)

Agência FAPESP – O projeto KyaTera, do Programa Tecnologia da Informação no Desenvolvimento da Internet Avançada (Tidia) da FAPESP, tem auxiliado uma ciência cada vez mais solicitada nos dias de hoje, a climatologia.

A plataforma óptica de ensino e pesquisa que liga universidades, laboratórios e empresas com velocidade de transferência de dados centenas de vezes maior do que a da internet convencional deverá ser utilizada para a conexão e a troca de informações entre radares de laser que analisam a atmosfera, bem como para a sua operação remota.

Um equipamento com esse objetivo está para entrar em operação no Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Cachoeira Paulista (SP). Por meio da rede KyaTera, ele trocará informações com o sistema Lidar (sigla para Light Detection and Ranging ou Detecção e Direcionamento de Luz).

O Lidar, um laser capaz de medir em tempo real a poluição atmosférica, foi desenvolvido pela equipe do físico Eduardo Landulfo no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e está em operação desde 2001 no campus da instituição, na capital paulista – o desenvolvimento do sistema teve apoio da FAPESP.

Os pesquisadores estão atualmente trabalhando em sistemas de automatização do equipamento. “Um detector de mudanças climáticas deverá fechar o teto retrátil que protege o radar antes da chegada de uma chuva”, disse Landulfo.

Porém, a maior contribuição que a KyaTera dará ao projeto não está na automação. A rede deverá servir de plataforma de comunicação para uma rede de monitores ambientais. “Um só ponto de medida não adianta. Planejamos ter outros quatro radares em outras instituições para trabalhar em conjunto com o do Ipen”, disse Landulfo durante o Workshop KyaTera 2008, realizado no último dia 29 na Universidade Estadual de Campinas.

Entre os focos de pesquisa que poderiam entrar na pauta de estudos da rede de radares laser estão as queimadas da cana-de-açúcar, comuns no interior de São Paulo, e o auxílio do monitoramento da bacia do rio Corumbataí, também no interior do estado.

A rede deverá ajudar a delinear um mapa atmosférico mais detalhado e preciso de algumas regiões paulistas e possibilitar a atualização em tempo real das informações coletadas por cada um, o que pode ser feito em intervalos de dois minutos.

O princípio de funcionamento do equipamento é similar ao dos radares sonoros. O Lidar emite um facho de laser na atmosfera e depois recebe o seu reflexo por meio de uma técnica chamada de retroespelhamento.

Com a análise da luz refletida é possível identificar partículas suspensas, aerossóis e alguns gases em suspensão, especialmente útil na análise da determinação da poluição atmosférica de uma região. O alcance do Lidar é de 10 quilômetros de altitude e cada leitura corresponde a um intervalo de 15 metros. “A cada ano temos aprimorado o radar e ampliado as suas aplicações”, disse Landulfo.

Crédito da imagem: Divulgação

Fonte: Envolverde/Agência Fapesp

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