terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Estudos prevêem que as mudanças globais vão amplificar os fenômenos climáticos

Por Paula Cassandra, da Agência Chasque

A quantidade de chuvas que vem ocorrendo há uma semana em Santa Catarina vem preocupando tanto a população do Estado quanto de outras regiões do país. Até a tarde de sexta-feira (28), foram registrados 78.707 casos de pessoas desalojadas e desabrigadas. A Defesa Civil do Estado também registrou 100 óbitos e 19 desaparecidos. No total, são mais de 1,5 milhão derpessoas afetadas.

Pesquisadores apontam que o motivo da enxurrada é resultado de uma seqüência de eventos meteorológicos. O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônica (INPA), Antonio Manzi, explica que um bloqueio atmosférico foi o responsável pelo início das chuvas. No entanto, ainda não é possível dizer porque o fenômeno ocorreu em Santa Catarina, já que a intensidade de chuva no local não é comum nesta época do ano.“Há algumas situações atmosféricas da variação do tempo no dia-a-dia que estabelecem uma massa de ar com alta pressão sobre uma região, e aí ela não deixa passar, por exemplo, as frentes frias que vem do sul, que chegam até a região e não conseguem avançar. Isso produz chuva no local”, diz.Manzi argumenta que é possível relacionar a enxurrada catarinense com as mudanças climáticas globais. Mesmo que ainda não existam dados suficientes, estudos prevêm que as mudanças globais vão aumentar os fenômenos climáticos.

O meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Olívio Bahia do Sacramento, relata que o fato dos eventos meteorológicos ocorrerem por dias consecutivos, acentuou a quantidade das chuvas. “Nós tivemos um intenso anti-ciclone atuando sobre o Atlântico e a circulação associada a ele trazia muita umidade do oceano para o continente. Além desses ventos, tivemos outro sistema meteorológico atuando em torno de quatro, cinco mil metros de altura, que era o vórtice ciclônico, que intensificava ainda mais a instabilidade provocando grande volume de chuva ”, explica.

Diante da calamidade que tomou o Estado durante a enxurrada, os pesquisadores concordam que um planejamento urbano, que preveja eventos de tal magnitude, é o único modo de minimizar os efeitos. Sacramento, do INPE, pondera que, assim como outros Estados, Santa Catarina não está preparada para agir numa situação de emergência deste tipo.

Imagem: Agência Chasque/Paula Cassandra

Fonte: Envolverde/Agência Chasque

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