segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Estudo prevê menos áreas para plantio e saúde pior no Nordeste em função de mudanças do clima

Por Alana Gandra, da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A escassez ou limitação da disponibilidade de terras para a agricultura, com repercussão negativa sobre a saúde da população, é um dos cenários traçados para o Nordeste brasileiro por um estudo elaborado para a Embaixada Britânica pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e pelo Centro de Pesquisas René Rachou, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Segundo informou o coordenador da equipe do Cedeplar/UFMG, Alisson Barbieri, a pesquisa Migrações e Saúde: Cenários para o Nordeste Brasileiro-2000-2050 mostra que “a escassez de alimentos vai depender da capacidade de resposta do governo e das instituições de transferir renda para os habitantes do Nordeste”.

Esse é o primeiro estudo realizado no mundo que envolve em uma visão integrada as variáveis demográfica, econômica e climática para explicar cenários futuros, disse o professor. As mudanças climáticas em curso no planeta tendem a afetar com maior intensidade, no Brasil, as populações mais vulneráveis a esses fatores, que estão localizadas sobretudo no Nordeste do país, incluindo os migrantes.

Daí, o estudo sinalizar para a urgência de que se comece a pensar em programas ou políticas de adaptação que atendam essas populações mais vulneráveis e minimizem os impactos das mudanças do clima, disse Barbieri. Essas adaptações abrangeriam várias vertentes. Uma delas seria o investimento em tecnologia para adaptação dos cultivos agrícolas à nova realidade. Outro mecanismo diz respeito ao papel do estado, através dos programas de transferência de renda. Outras alternativas teriam cunho econômico local.

“Basicamente, essas seriam três respostas em termos de adaptação muito forte nesse cenário futuro até 2050”, enfatizou Barbieri. Os mecanismos, além de garantir a subsistência da população, poderiam dar condições para sua manutenção na própria região, evitando, ou pelo menos minimizando, a migração dos nordestinos, sobretudo para o Sudeste do país.

O coordenador da pesquisa destacou que a limitação do potencial de produção agrícola nessas regiões teria, eventualmente, impacto sobre a renda e o nível de emprego. E, em conseqüência, sobre a disponibilidade de aquisição de alimentos. No mque diz respeito à saúde, o estudo demonstra que deve aumentar a vulnerabilidade de algumas populações em função da ressurgimento de algumas doenças transmitidas por vetores, como a leishimaniose, e doenças que afetam principalmente crianças, pela contaminação de água e a falta de saneamento.


Fonte: Envolverde/Agência Brasil

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