Qualisol: excelência na energia solar do Brasil

Há dez anos, o Brasil implantou o primeiro programa de etiquetagem de aquecedores solares do mundo, num movimento que se iniciou com apenas oito fabricantes. Já o Qualisol, com dois anos de atuação, também é pioneiro e as metas são ambiciosas: ultrapassar as 52 empresas qualificadas e atingir pelo menos 200 revendas com o selo Qualisol até novembro de 2008.

O Qualisol – Programa de Qualificação de Fornecedores de Sistemas de Aquecimento Solar – foi desenvolvido pela Abrava, Inmetro e Procel, qualifica serviços de instalação dos sistemas de aquecimento solar, e hoje é a principal estratégia do setor para a manutenção da qualidade em toda a cadeia produtiva do segmento, principalmente em função das demandas geradas pelos projetos de lei municipais que determinam o uso do aquecimento solar em edifícios públicos e/ou residenciais, e também da exigência da certificação em alguns processos de licitação, como ocorre, por exemplo, com a CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbana -- do Estado de São Paulo, ou com a CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina, também de âmbito estadual, que exigem em seu edital de compras, como item obrigatório, que as empresas fornecedoras possuam o selo Qualisol.

De acordo com o coordenador do Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro e presidente do Comitê Gestor do Qualisol, Alexandre Novgorodcev de todos os programas realizados pelo Inmetro nestes 25 anos, o mais instigante foi o Qualisol, “pois nem estava em nossas metas por entendermos ser proveniente de uma energia abundante, gratuita e farta como o sol. Mas graças à visão dos associados da Abrava, que chegaram até o Inmetro com um protocolo e muita empolgação, superamos todos os prazos até então conhecidos e com apenas oito reuniões com oito fabricantes, em oito meses conseguimos etiquetar os painéis solares pela primeira vez no mundo, enquanto que, na Europa, só agora o processo de etiquetagem do segmento está se iniciando”.

E o pioneirismo dos fabricantes de coletores solares não fica apenas no seu ineditismo mundial há dez anos. O Qualisol também é o primeiro que atua na área de serviços dentro do Programa Brasileiro de Etiquetagem, com certificação do instalador, o que significa que será desencadeada uma verdadeira campanha contra o produto pirata que ainda é comercializada. “E aí o estaremos diante da grande cruzada do Qualisol: o consumidor deverá ter um papel fiscalizador ao escolher a rede Qualisol, exigindo a garantia que contém a numeração das placas e dos reservatórios, que os diferenciam dos produtos piratas”, resume o presidente do Comitê Gestor do Qualisol.

Outro argumento de Novgorodcev é o fato deste movimento onde ter como retroceder, pelo contrário, já que, em breve, as exigências aumentarão quando for implantado o sistema brasileiro de compras públicas eficientes.

As revendas confirmam as perspectivas: “o selo Qualisol tem se tornado uma exigência em obras corporativas por oferecer maior controle das obras instaladas e, para nós, é um diferencial de venda no varejo”, explica Alexandre Galvão, engenheiro e sócio da Eco-sol, revenda certificada desde fevereiro de 2006, que comercializa três marcas de aquecedores solares, atua no Estado do Rio de Janeiro, e está contabilizando um aumento de 10% em seu faturamento a cada ano nas vendas de volumes maiores – acima de mil litros – para grandes obras.

A Aqualand, com três lojas em Brasília, comercializa aquecedores solares há oito anos e tem um crescimento da ordem de 20% ao ano. Para 2008, a projeção é de crescer 30%, sendo que só no primeiro trimestre as vendas foram maiores em 26% com relação a igual período de 2007, segundo relata o diretor comercial da empresa, Reinaldo Ferreira. E o segmento tem importância vital para a empresa: 40% do seu faturamento vem dos aquecedores solares.

Em Brasília, mesmo sem a obrigatoriedade de colocação do sistema solar para novos projetos, o consumidor tem exigido do engenheiro/arquiteto que a sua casa esteja preparada para receber este produto, “e isto explica a projeção de crescimentos ainda maiores para o nosso ramo, principalmente se tivermos mudanças nas leis de edificações”, conclui Ferreira.

Com a demanda batendo à porta dos fabricantes e das revendas, torna-se necessário o acompanhamento da evolução e indicadores do Programa Qualisol e a principal delas, segundo do Diretor Executivo do Departamento de Aquecimento Solar (DASOL) da Abrava, Carlos Faria, é o programa de auditoria de obras instaladas pelas empresas qualificadas. Nestes dois primeiros anos de programa, foram realizadas auditorias visando a análise da satisfação dos consumidores atendidos pelas empresas qualificadas. “É muito importante avaliarmos a percepção de qualidade dos consumidores com relação ao atendimento ao cliente e confiabilidade e satisfação com a tecnologia de aquecedores solares”, comenta Faria.

Uma vez implantado e auditado, surge uma unanimidade: a necessidade de maior divulgação do programa. “Hoje, o consumidor procura principalmente por produtos testados e etiquetados pelo Inmetro, mas não há conhecimento do Programa Qualisol”, afirma Nelson Munhoz, diretor Comercial da Solarpress, revenda certificada há dois anos.

A conscientização também significa, segundo alguns, maior entendimento no valor agregado dos produtos e serviços etiquetados, cuja diferença de valor é de 20% a 40%.

Ferreira, da Aqualand, discorda: não existe diferença de preço entre os produtos certificados com o Selo Qualisol e os não qualificados, “e nem poderia ter, já que a busca por qualificação faz parte de um conceito que não deve ser repassado em forma de custos ao cliente”.
Por outro lado, Munhoz argumenta que o Qualisol exige procedimentos internos de controle que não significam um aumento de custo expressivo a ponto de ter que ser considerado no preço final do fornecimento.

Já a expectativa da Eco-sol é de que haja uma redução de preços em função do aumento de vendas, que não pára de crescer, e aponta alguns caminhos que vê como necessários para o setor: “é indispensável a segmentação do mercado por fabricantes, projetistas e instaladores” argumenta Galvão.

A Bontempo, revenda certificada desde 2006 e com loja em Lauro de Freitas (BA) acredita que o fato de ser certificada por um programa criterioso como o Qualisol é um aval tanto de qualidade para os clientes como de sustentabilidade para a empresa. De acordo com Alexandre Gandarela, diretor da Bontempo, o mercado de aquecimento solar vai crescer bastantes com as leis e exigências em compras públicas, mas aponta para a necessidade de mudança da cultura da população, “que deve ser incentivada e apoiada pelo governo”.

As estratégias do Qualisol

A receita divulgação e conscientização das pessoas é a estratégia do Programa Qualisol para passar das atuais 52 empresas certificadas pra mais de 200 até novembro de 2008. O diretor do DASOL anuncia que em julho será lançado um novo portal do Qualisol onde todas as instalações de aquecedores solares realizadas pelas empresas qualificadas deverão ser obrigatoriamente registradas no sistema de qualidade do programa, que será alimentado mensalmente pelas empresas através da própria internet. “Com isso, teremos uma ampla leitura do mercado e da qualidade de instalações do aquecimento solar em todo o País”, explica Faria.

Ainda em 2008, está previsto o desenvolvimento de uma cartilha educativa para o consumidor, que será publicada pelo Inmetro, simultaneamente com uma campanha específica para as revendas que além de contarem com cartazes explicativos em suas lojas, também terão à disposição um programa de qualificação profissional, com manuais e softwares de dimensionamento de sistemas de aquecimento solar.

Outra frente de trabalho está na capacitação de projetistas em todo o País, com a estruturação de 14 centros de treinamento de instaladores em todo o Brasil, numa parceria da Abrava com as escolas do SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – e com os CEFETs -- Centros Federais de Educação Tecnológica.

Para 2009, a proposta é avançar nos sistemas de monitoração, onde, via internet, será possível acompanhar o desempenho das instalações em todo o Brasil, e mapear de forma inédita as instalações para criar padrões de consumo de água quente e desempenho de instalações de aquecimento solar nas diferentes regiões do Brasil.

A qualidade também está nivelando por cima as reivindicações de lado a lado: “Assim como o fornecedor pretendente ao Programa Qualisol é obrigado a comercializar produtos etiquetados pelo Inmetro, o fabricante deveria também ser obrigado a só vender para empresas que possuam o selo Qualisol”, defende o diretor comercial da Solarpress.

Pleito que justifica as metas do Programa Qualisol, de chegar às 200 revendas certificadas, ainda em 2008 e que vão ao encontro também das expectativas comerciais das revendas: “quando se mostra que nossa empresa possui tal qualificação, este passa a ser um diferencial que nos proporciona um incremento nas negociações”, finaliza o diretor da Aqualand.

Os ciclos de qualificação

Após atingir a meta de 200 revendas etiquetadas até novembro de 2008, um ciclo de requalificação será iniciado, de acordo com os novos critérios de avaliação:

1- A empresa que possui ISO9000 no escopo de instalação terá seu certificado Qualisol renovado por três anos sem a necessidade de passar pelos exames de qualificação;

2- A empresa que não possui ISO9000 no escopo de instalação, mas conta com um programa de treinamento adequado aplicado aos funcionários, e com material específico de treinamento nos escopos de qualificação apresentados, terá seu certificado Qualisol renovado por três anos, após avaliação do comitê gestor sobre a validade e qualidade dos programas de treinamento de mão de obra da empresa.

3- A empresa sem ISO 9000 no escopo instalação e sem um programa de treinamento adequado deve prestar o exame de qualificação do programa Qualisol para ter renovado por três anos o certificado Qualisol.

Até abril de 2008, 52 empresas em todo Brasil possuíam a etiqueta do QUALISOL. O gráfico abaixo mostra o número de empresas etiquetadas pelo programa QUALISOL por região do País.