quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Preços do carbono na UE caem com a crise global

Por Fernanda B Muller, CarbonoBrasil

Assim como na maioria dos mercados do mundo, o de carbono da União Européia (UE) está sofrendo com a crise financeira, apesar de não ter passado pelas quedas acentuadas dos mercados de ações e outras bolsas.

Os preços do carbono apresentaram uma corrida volátil no ultimo mês, reagindo às instabilidades dos preços energéticos, do mercado financeiro global e às expectativas de uma recessão iminente. Após atingir pela segunda vez a marca de €25 desde o início de setembro, o contrato padrão de EUAs (Permissões da União Européia) para dezembro de 2008 fechou em €21,81 na Bolsa Européia do Clima nesta quarta-feira (08). O preço equivale a uma queda de 13% ao longo das duas últimas semanas, o valor mais baixo em dois meses e bem inferior ao pico causado pelo petróleo no início de julho, de €29,30.

Os contratos datados para mais adiante apresentaram quedas ainda maiores, com declínios mais acentuados para 2012. Os contratos para dezembro de 2009 caíram para €22,60, os de dezembro 2010 para €23,23 e dezembro 2012 para €25,29. Antecipando taxas de juros mais baixas, os negociadores determinam os custo de inatividade adicionados aos preços futuros do carbono também em baixa, reduzindo os preços dos contratos.

No meio da volatilidade dos preços das commodities de combustíveis fósseis, especialmente do petróleo, não existem sinais claros para as usinas de energia sobre o valor das permissões de emissão para o setor determinados pelos custos relativos do carvão e do gás. Além disso, os temores de que a Europa e o resto do ocidente entre em recessão também está pesando sobre todos os mercados, incluindo o de carbono. Atividades econômicas mais baixas significam menores emissões das indústrias e usinas de energia, reduzindo a demanda por EUAs.

O mercado de RCEs (Reduções Certificadas de Emissão) secundárias está de alguma maneira isolado da volatilidade exterior, resultando em um estreitamento do desconto em relação às EUAs de cerca de €3 no contrato padrão. As RCEs para dezembro de 2008 fecharam em €18,78 nesta quarta-feira (08), uma baixa de apenas 7% em relação ao dia anterior, apesar de que, na semana passada, os preços também alcançaram uma baixa de dois meses.

Os volumes negociados têm se recuperado nas últimas semanas seguindo o final das férias européias de verão.

Incentivos

Segundo informações da Reuters, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, ressaltou que a crise financeira aumenta a urgência dos esforços para reduzir as emissões de dióxido de carbono na UE ao se desvirtuar da importação de petróleo e gás.

O braço executivo da UE estabeleceu metas ambiciosas para reduzir as emissões CO2 em um quinto até 2020, em relação aos níveis de 1990, mas críticos do plano dizem que a atual crise econômica tornará os investimentos em energias renováveis inviáveis.

Barroso, no entanto, defende que a realidade é oposta, ao passo que a transição para uma economia com baixas emissões de carbono criará empregos e reduzirá a vulnerabilidade da UE em relação aos preços voláteis dos combustíveis fósseis.

“É mais importante do que nunca que avancemos com o nosso pacote de mudanças climáticas e energia, não apesar da crise financeira, mas, ao menos em parte, devido a ela”, disse ele durante um encontro de líderes empresariais europeus.

Segundo o presidente, a UE já depende de outros países para o fornecimento de 55% da sua energia, provavelmente passando para 70% em 2030, e a falta de investimentos domésticos em fontes de energia renovável aumentaria o risco de futuros choques energéticos.

* Com informações de Carbon Positive e Reuters.

Fonte: Envolverde/CarbonoBrasil

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