segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Projeto de geração de crédito de carbono pode ser financiado em até 90%, diz executivo do BNDES

Por Sílvia Lakatos, da Agência Indusnet Fiesp

Projeto de geração de crédito de carbono pode ser financiado em até 90%, diz executivo do BNDES. Segundo Otávio Vianna, que gerencia o setor de renda variável do Banco, o Brasil tem potencial para ampliar sua participação nesse mercado.

O Programa Desenvolvimento Limpo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financia a implantação de projetos voltados à geração de créditos de carbono dentro do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), previsto pelo Protocolo de Quioto.

A informação é do gerente de Fundos do Departamento de Mercado de Capitais do BNDES, Otávio Lobão Vianna, que participou do Seminário "Como as Mudanças Climáticas Impactam os Negócios?", realizado nesta quinta-feira (11) na sede da Fiesp.

Vianna destacou a boa posição que o Brasil ocupa no mercado mundial de comercialização de créditos de carbono – terceiro lugar, com 8% do total de projetos. É superado apenas pela Índia, que tem 29%, e a China, com 35%.

"Isso acontece porque o Brasil já dispunha de uma matriz energética limpa", esclarece Vianna. "Assim, não temos muitos projetos voltados à área de energia, diferentemente do que acontece com a Índia e a China, que têm muitas termelétricas e conseguem créditos de carbono cada vez que substituem uma matriz suja por outra mais limpa."

Criado em junho de 2007, o programa do BNDES apóia projetos em vários segmentos, como aterros sanitários, reflorestamento, manejo e tratamento de resíduos, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e geração de energia a partir de fontes renováveis.

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Brasil tem que ir para a ação no mercado internacional de carbono, diz especialista

Para Marco Antônio Fujihara, que integra o Conselho Superior de Meio Ambiente da Fiesp, o país precisa regulamentar o setor.

A falta de regulamentação dificulta a participação do Brasil no mercado internacional de carbono. A constatação foi apresentada pelo especialista Marco Antônio Fujihara nesta quinta-feira (11), durante o Seminário “Como as Mudanças Climáticas Impactam os Negócios?”, realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Fujihara explicou que, embora os títulos resultantes de reduções certificada de emissão (RCEs) sejam comercializados na BM&F desde 2006, grande parte das transações ainda é feita por meio de contratos de balcão, realizados em agências bancárias.
“Temos muitas ferramentas para calcular créditos, mas precisamos partir para a ação”, ele declarou.

Os RCEs possuem natureza jurídica de valor mobiliário para efeito de regulação, fiscalização e sanção por parte da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No entanto, a CVM não é legalmente reconhecida como a responsável pelo registro e validação das entidades operacionais designadas, o que dificulta as transações.

O tema foi discutido em uma mesa-redonda mediada pelo jornalista Rogério Ruschel, da Revista Business do Bem, com as participações de Otávio Vianna, do BNDES, de Alexandre Heinermann, da empresa especializada em mercado de capitais KPMG, de Roberto Gonzáles, da Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais), e do diretor de Meio Ambiente da Fiesp Gilberto Barbero.

Terceiro do mundo


Hoje, o Brasil tem participação de 8% no mercado mundial de créditos de carbono, que movimenta cerca de US$ 30 bilhões anuais. É superado pela China e pela Índia, que possuem, respectivamente 35 e 29% de participação.

Os principais geradores de créditos de carbono no País são os usineiros, que vendem cotas decorrentes da geração de energia elétrica a partir da biomassa. Os compradores são países que precisam reduzir emissões de gases de efeito-estufa, com destaque para o Japão e para as nações européias.


(Envolverde/Fiesp)

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