segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Degelo na Groenlândia: metrópoles como São Paulo são as principais responsáveis

Por Fernanda B Muller, CarbonoBrasil

Os governos devem criar leis, como o estabelecimento de um preço sobre o carbono, para que as empresas se sintam incentivadas a investirem na redução de emissões de gases do efeito estufa, sugere a Confederação das Indústrias Britânicas (CBI) no relatório "Mudanças climáticas: um assunto de todos" divulgado nesta terça-feira em São Paulo.

“Muitas tecnologias já estão disponíveis para alcançarmos as reduções de emissão necessárias, algumas ainda não são comercialmente disponíveis (como o CCS) e precisam de um arcabouço apropriado para o desenvolvimento”, afirmou o presidente da CBI, Martin Broughton.

O relatório avalia os custos e benefícios econômicos para as empresas na construção do que chamam ‘uma sociedade de baixa emissão de carbono’. A CBI é composta por 18 companhias com a petrolífera britânica BP e a maior rede de supermercados do país, o Tesco, além de diversas do setor químico. Em conjunto, elas são responsáveis por 1% da pegada de carbono mundial.

"Somos pessoas da área de negócios e gerenciamos riscos", disse Broughton.

O relatório pede também mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento que, na avaliação das empresas, são essenciais. “Cabe ao governo fornecer este arcabouço legal, ao setor privado encontrar e entregar as soluções e ao consumidor a demanda por novas soluções. Essas três esferas precisam trabalhar em conjunto”, comentou o presidente da CBI.

Durante o evento, representantes brasileiros e britânicos comentaram sobre as diferenças na realidade econômica do Reino Unido e do Brasil, ressaltando as principais necessidades para incentivar as empresas brasileiras a reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE).

“Está claro que no futuro as empresas terão que ser ecológicas para crescer", adicionou Broughton.

Contexto Brasileiro

Citando o princípio da “responsabilidade comum, porém diferenciada”, alguns participantes afirmaram que isto muitas vezes serve como justificativa para a inação do Brasil. Algumas empresas brasileiras respondem às ansiedades da sociedade a tais ações fazendo inventários de emissões, por exemplo.

Segundo o diretor executivo da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) José Augusto Fernandes, a inação não é a estratégia do setor. “A política econômica tem um papel nesta transição para uma economia com baixas emissões de carbono”, disse.

As fontes renováveis atendem 45% das necessidades energéticas do Brasil, enquanto que a média mundial é de 14%, segundo Fernandes. “Há muito tempo já ultrapassamos a meta de 20% que a União Européia deseja atingir em 2020. Assim, a prioridade no Brasil deve ser o desmatamento, responsável por cerca de 75% das emissões do país, e a eficiência energética. Para isso, as tecnologias são elementares”, afirmou.

Com relação à abordagem setorial, Fernandes defendeu o fomento de estudos, estimulando os diferentes setores a compreender seus problemas. “A ciência energética tem recebido grande atenção do setor industrial brasileiro e estão sendo iniciados trabalhos de benchmarking para estimar o potencial de economia de energia nos diferentes setores”, comentou.

Na questão da eficiência energética, Fernandes citou o trabalho da CNI com a indústria de transformadores para reduzir as perdas de energia durante a transmissão.

Abordando novamente a questão das tecnologias já disponíveis, Fernandes utilizou como exemplo o apagão, onde o país conseguiu economizar 20% de energia e as perdas produtivas foram muito menores do que o esperado. "Qualquer empresa pode aumentar a sua eficiência energética em 10 a 15%", concluiu.

A coordenadora do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi, relembrou o Pacto de ação em defesa do clima assinado em 2007 por empresas como Alcoa, OAB, Petrobrás, Greenpeace e WWF que estabelece metas voluntárias de redução de GEE.

Marina citou também a iniciativa do CEBDS, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas e o Ministério do Meio Ambiente, de trazer o GHG Protocol para a realidade brasileira, adaptando questões como o setor florestal. “Esta ferramenta está ganhando força no Brasil e a adaptação pode ajudar a reduzir os custos dos projetos de carbono”, disse.


(Envolverde/Carbono Brasil)

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