segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Indústria sugere que Austrália inclua carros no esquema de carbono

Por Sabrina Domingos, do Carbono Brasil

A fabricante alemã de automóveis Mercedes sugeriu que o Senado australiano substituísse o atual imposto cobrado sobre a venda de automóveis luxuosos pela inclusão dos carros no esquema de carbono do país. Desde julho de 2000, a Austrália cobra uma taxa extra na comercialização de veículos de luxo (conhecida como LCT). Este ano, a cobrança passou de 25% para 33% do valor que ultrapassar o preço limite de 57.123 dólares.

A proposta da Mercedes, encarada como radical pelas autoridades, sugere que com essa mudança de foco será possível matar dois coelhos com uma cajadada: reduzir as emissões de carbono nos veículos e, ao mesmo tempo, aumentar o poder de barganha da Austrália nas negociações do mercado livre.

A idéia é incentivar a troca de veículos antigos por modelos mais ecológicos ao aplicar um imposto sobre a emissão de dióxido de carbono (CO2). A cobrança iniciaria em cinco anos, com o fim da taxa sobre carros luxuosos.

“Nós acreditamos que a LCT é de fato uma tarifa falsa e que prejudica nossa reputação de comércio livre”, disse a empresa ao Senado australiano nesta terça-feira. “É uma taxa sobre a segurança e que penaliza veículos que introduzem baixas emissões e uso reduzido de combustível”.

Pelo esquema da Mercedes, os automóveis que emitirem menos de 159 gramas de CO2 por quilômetro rodado (quase a maioria dos carros pequenos que circulam no país) estariam livres do imposto no primeiro ano. O limite seria reduzido gradualmente para 119 gramas em cinco anos (alinhando-se com a meta européia que prevê uma emissão média de 120g/km até 2012). Atualmente, menos de 20 veículos à venda na Austrália entram nessa classificação. O Toyota Prius é menor emissor, liberando 106g/km.

O porta-voz da Mercades, David McCarthy, afirma que é impossível acabar com a LCT do dia para noite, mas acredita que o imposto ruim pode ser substituído por um bom. Nesse caso, a taxa de carbono tomaria como base as credenciais “verdes” dos veículos e seria cobrada de todos os carros novos como uma porcentagem do preço de venda. O máximo a ser pago seria 25% de automóveis que emitirem 190g/km ou mais – esse valor abrange os maiores carros e os motores mais potentes comercializados atualmente.

Desde 1979 o governo australiano taxa os carros luxuosos de forma mais pesada que os demais. A instituição da LCT em 2000 é considerada pelas autoridades do país como uma cobrança apropriada, pois, quem tem condições de comprar um veículo de luxo tem mais capacidade de contribuir com o pagamento de impostos do que outros compradores de carros.

A administração do primeiro-ministro Kevin Rudd planeja utilizar a LCT para tornar o sistema de impostos mais justo. A expectativa é de que o reajuste do valor a ser cobrado na venda de carros luxuosos aumente a renda do governo em 555 milhões de dólares nos próximos quatro anos, auxiliando a aliviar a inflação.

McCarthy calcula que o imposto sobre emissão de carbono poderá chegar a 750 milhões de dólares por ano, substituindo os ganhos obtidos com LCT, além de compensar trabalhadores de baixa renda e financiar o esquema de carro verde do governo.

Hoje, os automóveis são responsáveis por 7% a 10% das emissões de CO2 da Austrália, mas não há definição sobre a possível inclusão deles em qualquer esquema de redução de emissões.

* Com informações de The Australian.
(Envolverde/Carbono Brasil)

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