sexta-feira, 22 de agosto de 2008

EUA terá mercado de carbono três vezes maior que o europeu, prevê especialista

Por Paula Scheidt, do CarbonoBrasil

O mercado de carbono dos Estados Unidos será três vezes maior que o europeu, segundo previsões do presidente de uma empresa britânica que opera em ambas regiões.

“Nós estamos convencidos de que os EUA irão implantar um sistema obrigatório de emissões de carbono depois das eleições e que o mercado de carbono dos EUA terá o triplo do tamanho do europeu”, disse Neil Eckert, presidente da Climate Exchange, ao jornal britânico Financial News.

A Climate Exchange opera a Bolsa do Clima Européia (ECX), negociando permissões de emissões no Esquema de Comércio de Emissões da União Européia (EU ETS), e a Bolsa do Clima de Chicago (CCX), que negocia créditos de reduções de emissões voluntárias.

Os volumes negociados na ECX no primeiro semestre cresceram 250% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto que na CCX o aumento foi de 400%, segundo a Climate Exchange.

Os esquemas de comércio de emissões obrigam as empresas participantes a cortarem emissões de gases do efeito estufa até um volume pré-estipulado. Se reduzirem acima da meta, as empresas podem negociar os créditos extras com outras que precisam emitir acima da quota.

A Climate Exchange lançou na última semana uma plataforma de negociações nos Estados Unidos que permite às geradoras de energia e investidores de 10 estados da costa leste negociarem contratos futuros de créditos de carbono antes da entrada em vigor do programa Iniciativa Regional de Gases do Efeito Estufa (RGGI, na sigla em inglês), que inicia em 2009.

Benefícios para o Brasil

Segundo Camilo Terranova, responsável pela pesquisa na América Latina para a New Carbon Finance, o mercado de carbono dos EUA vai realmente aquecer quando as iniciativas regionais se fundirem em um único mercado “cap and trade” mandatário.

Os reflexos para o Brasil serão muito positivos e o país precisa aproveitar a oportunidade. “Há mais demanda do que oferta de créditos no mercado, o que significa que faltarão créditos no futuro”, afirma Terranova.

Ele diz que os governos têm diversas maneiras para resolver isso, como a compra de permissões, mas o Brasil poderia estar melhor posicionado no mercado se já tivesse desenvolvido mais projetos de redução de emissões de gases do efeito estufa. “Mas foi um processo de aprendizagem, com atrasos, burocracias e, hoje, há uma percepção mais clara do mercado”, comenta.

Primeiro contrato CCFE

A Bolsa Climática de Futuros de Chicago (CCFE) teve 60 mil contratos comercializados no dia em que foi aberta, na última sexta-feira e quatro mil na última segunda-feira. “Este lançamento gerou muito mais interesse que outros contratos nossos, que hoje são um grande sucesso”, afirmou Eckert.

O primeiro comércio da CCFE foi realizado pela divisão de petróleo da Shell com a intermediação da Lehman Brothers, empresa sediada em Londres. A tonelada de dióxido de carbono foi cotada em 4,12 euros na CCFE nesta segunda-feira, ou menos de um quinto do valor pago na Europa, 23,19 euros, segundo o website da Climate Exchange.

* Com informações do Financial News.


(Envolverde/Carbono Brasil)

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