quarta-feira, 4 de junho de 2008

Os desafios para a abordagem das mudanças climáticas pela imprensa

Pesquisa lançada em janeiro pela ANDI pode colaborar para a construção de uma cobertura qualificada sobre o tema ao longo das celebrações do Dia do Meio Ambiente (05)

Na semana em que diversas ações marcam a mobilização em defesa do meio-ambiente, um assunto é o principal foco das preocupações e dos debates em todo o mundo: as mudanças climáticas. A evidência do fenômeno é mais uma razão para que a mídia se concentre na cobertura do tema. Segundo a pesquisa Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira, lançada em janeiro pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) com o apoio da Embaixada Britânica, os veículos de comunicação estão acompanhando a importância que a sociedade vem conferindo à questão. Entretanto, ainda perdem importantes oportunidades de aprimorar a qualidade e contribuir com a conscientização da população.

O trabalho analisou 997 textos – entre reportagens, editoriais, artigos, colunas e entrevistas, publicados em 50 jornais – de julho de 2005 a junho 2007. O material representa uma amostra dos textos veiculados sobre o tema no período. A partir dos dados coletados foi elaborado um mapa bastante detalhado do tratamento editorial dispensado pelos jornais às alterações climáticas.

O ritmo da cobertura se manteve crescente no período analisado, especialmente no ano passado. No primeiro ano da análise identificou-se um texto publicado a cada cinco dias. Essa média cresce para uma matéria a cada dois dias no primeiro semestre de 2007. Apesar do incremento, o estudo mostra que a maior parte do material ainda carece de contextualização e apresenta, portanto, muitas oportunidades de aprimoramento.

Do universo analisado, por exemplo, apenas um terço aborda as causas das mudanças climáticas e aponta soluções. “Você coloca as conseqüências, mas não sublinha os antecedentes e estratégias de enfrentamento da questão. Não adianta dizer que pode haver furacões, aumento do nível do mar, sem falar o que causa os fenômenos e o que pode ser feito, seja para mitigar ou se adaptar ao problema”, esclarece Guilherme Canela, coordenador de Relações Acadêmicas da ANDI e responsável pelo estudo.

Entre os pontos positivos mostrados pelo trabalho, de maneira geral os jornais diversificaram as fontes ouvidas, consultando diferentes categorias de atores. Poder público, especialistas, técnicos e universidades, empresas não estatais e governos estrangeiros foram os mais ouvidos. O estudo também salienta um volume expressivo de material opinativo na amostra analisada: 26,7% são compostos por editorais, artigos, colunas e entrevistas.

Os organizadores da pesquisa consideram que os elementos ainda pouco abordados pela mídia podem ser encarados como oportunidades para manter o tema em foco daqui para frente. Ao oferecer ao jornalista interessado um panorama sobre o atual diagnóstico da cobertura – além de trazer dados de vários estudos internacionais – a pesquisa Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira permite ao profissional de imprensa detectar quais são os pontos nos quais ele pode avançar.

Novas ferramentas – Em continuidade ao processo deflagrado pela pesquisa, a ANDI e a Embaixada Britânica estão produzindo dois novos instrumentos que pretendem ser úteis aos profissionais de comunicação: uma publicação e um portal sobre Mudanças Climáticas. A proposta é sistematizar a atual discussão sobre a agenda das alterações do clima, apresentando o panorama histórico, as causas, conseqüências e soluções do fenômeno e as políticas públicas voltadas à questão, entre outros tópicos. O site também deverá contar com um glossário específico para a área, além de um banco de fontes de informação, artigos de especialistas, recomendações para uma cobertura qualificada etc.

A partir de agosto, a primeira fase do portal será colocada em testes. Interessados em participar dessas avaliações podem se inscrever pelo e-mail: mudancasclimaticas@andi.org.br


(Envolverde/ANDI)

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