quarta-feira, 4 de junho de 2008

Clima: Previsão reservada sobre ciclones em Cuba


Por Patrícia Grogg, da IPS

Havana, 02/06/2008 – Embora pelo segundo ano consecutivo não tenha divulgado suas previsões, Cuba preparou seu plano de prevenção de desastres provocados por furacões, tendo em vista o começo no último dia 1º da temporada de ciclones que, segundo alguns meteorologistas, poderia ser “muito ativa” na bacia atlântica. Martiza Ballester, pesquisadora do Centro de Previsões do Instituto de Meteorologia de Cuba, confirmou à IPS que as previsões anunciadas anualmente por esse órgão não serão divulgadas, seguindo a mesma conduta de 2007, uma reserva que instituições semelhantes da região não praticam.

O Escritório Nacional de Meteorologia da República Dominicana disse na semana passada que a temporada de ciclones poderia ser intensa na bacia atlântica, com a formação de 13 tempestades tropicais com nome próprio, sete delas podendo alcançar a categoria de furacão. Por sua vez, William Gray e Philip Klotzbach, da Universidade do Estado do Colorado (EUA), anunciaram 15 tempestades nomeadas, das quais oito seriam furacões, quatro modrados (categorias 1 e 2 na escala de Saffir-Simpson) e quatro intensos (categorias 3, 4 e 5). Entretanto, esta previsão pode mudar nestes primeiros dias de junho, quando se espera um novo prognóstico dos pesquisadores norte-americanos.

A temporada de se estende até novembro, e os meses de maior risco para Cuba, quanto à freqüência de tempestades, costumam ser outubro, setembro e agosto, nessa ordem. Graças ao seu sistema de proteção e minimização de desastres naturais, que as autoridades revisam e praticam anualmente em simulações com a população, este país conseguiu reduzir ao mínimo a perda de vidas humanas, embora sua economia costume sofrer graves danos, especialmente nos setores de habitação e agricultura.

A proteção de pessoas e recursos em situações de desastre está a cargo da Defesa Civil, vinculada ao Ministério das Forças Armadas, sob cuja direção são preparados os planos de prevenção quando se aproxima a formação de uma depressão tropical na área. As fases estabelecidas diante da ameaça de um ciclone – informativa, alerta, emergência e de recuperação – permitem implementar uma série de medidas, com a retirada em maciça de famílias que moram em zonas de perigo de inundações ou outros riscos.

Por sua vez, o Centro Nacional de Previsões do Instituto de Meteorologia de Cuba emite avisos de alerta diante da possibilidade ou de perigo potencial de algum ciclone tropical afetar o território nacional, o que permite às autoridades adotar medidas com antecipação de 72 a 120 horas. O exercício Meteoro 2008, realizado em todo o país nos dias 24 e 25 de maio, incluiu, entre outras práticas, salvamento e evacuação de zonas baixas, edifícios em mau estado de conservação e de outras áreas vulneráveis, e limpeza de esgotos.

A experiência cubana em matéria de prevenção é considerada um exemplo por organismos internacionais, pois este país caribenho é o que registra menos vitimas fatais em toda a bacia atlântica, que compreende o mar do Caribe, o Golfo do México e o oceano Atlântico. Na bacia atlântica formam-se, em média, 10 tempestades tropicais em cada temporada, das quais seis chegam a furacão e um destes atinge grande intensidade.

Em 2007, a área sofreu o impacto de seis furacões, dois deles categoria 5: Dean, que penetrou em terra pela Península de Yucatán, e Félix, que ingressou no nordeste da Nicarágua, causando mais de 100 mortos, centenas de desaparecidos e enormes perdas econômicas. Outros dois, Noel e Olga, resultaram ciclones extremamente chuvosos. Esses fenômenos, junto a várias tempestades tropicais, ocasionaram grandes danos materiais e 370 mortes, sobretudo em países caribenhos, segundo uma análise dessa temporada divulgada por Ballester e José Rubiera, diretor do centro de previsões do Instituto Cubano de Meteorologia.

Cuba foi afetada, entre outros, por Noel em sua fase de tempestade tropical, com intensas e persistentes chuvas na região oriental, causando uma morte e enormes danos materiais. Por sua vez, em seu avanço sobre o Caribe, o furacão Dean produziu inundações costeiras em zonas baixas do litoral sul deste país. Em 2006, no Atlântico se formaram nove tempestades e cinco furacões, incluídos dois intensos. Essa temporada foi considerada “próxima do normal”, ao contrário das de 2005 e 2004, quando no Estado norte-americano da Flórida e na costa do Golfo do México quatro furacões em cada ano deixaram uma esteira de destruição e morte.

Ciclone é um termo genérico. Cada sistema é classificado de acordo com a intensidade de seus ventos máximos sustentados. Assim, dá-se o nome de depressão tropical quando os ventos chegam até 62 quilômetros por hora; tempestade tropical entre 63 e 117 km/h, e furacão quando os ventos alcançam ou superam os 118 km/h. Por sua vez, os furacões categoria 1 têm ventos máximos sustentados entre 119 e 153 km/h, os de categoria 2 entre 154 e 177 km/h, os de categoria 3 entre 178 e 209 km/h, os categoria 4 entre 210 e249 km/h, e aqueles cujos ventos chegam a mais de 250 km/h pertencem à categoria 5.

O nome próprio é dado a partir da fase de tempestade tropical. A Organização Meteorológica Mundial e o Comitê Regional de Furacões escolheram 21 nomes, por ordem alfabética, para os fenômenos atmosféricos que se formarem na atual temporada atlântica de furacões, o primeiro se chamará Arthur e o último Wilfred. (IPS/Envolverde)

(Envolverde/IPS)

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