quarta-feira, 28 de maio de 2008

Carro pré-histórico desfila contra lobby da indústria automobilística

Por Redação do Greenpeace

Ativistas dirigem carro dos Flintstones pelas ruas de Bruxelas numa crítica ao pensamento pré-histórico da indústria automobilística, que faz tudo o que pode para sabotar legislação européia para reduzir emissões de CO2 dos carros, em defesa do clima.

Bruxelas (Bélgica) — Principais fabricantes de carro da Europa têm dado mais atenção a lucros imediatos do que à proteção do clima de nosso planeta.

Por mais modernos e velozes que seus carros possam parecer, a indústria automobilística tem adotado cada vez mais um pensamento jurássico em relação à proteção do clima. Em vez de priorizar a questão das mudanças climáticas e produzir veículos que emitam menos CO2, os fabricantes pensam apenas nos lucros imediatos e no lobby político que têm que fazer para garanti-los.

Para expor essa situação ao público, ativistas do Greenpeace circularam pelas ruas da capital belga com um carro que parecia saído diretamente do desenho animado Flintstones. A idéia era ir da sede da Associação Européia de Fabricante de Automóveis (Acea, na sigla em inglês) até o Parlamento Europeu, onde estão sendo discutidas leis para impor a redução de emissões de CO2 nos veículos fabricados na União Européia. Mas a polícia belga não permitiu: deteve os ativistas e apreendeu o veículo flintstoniano. E era um carro totalmente livre de emissões.

"Nossos ativistas e seu veículo com zero de emissão de CO2 estão alertando sobre a má influência que a indústria está exercendo sobre a política climática da Europa", afirma Melanie Francis, da campanha de Transporte do Greenpeace Internacional.

Enquanto isso, fabricantes de carros poluidores como BMW, Mercedes-Benz e Volkswagen continuam livres para produzir carros que trazem altos custos ao planeta. É o que revela o relatório Dirigindo as Mudanças Climáticas: Como a Indústria Automobilística faz Lobby para Sabotar a Legislação Européia de Eficiência Energética, lançado pelo Greenpeace durante o protesto.

"Esse relatório mostra como a indústria de automóveis, liderada pelas empresas alemãs, manipulou a União Européia por 17 anos. Chegamos ao ponto dela agora pôr em risco a habilidade da União Européia de atingir suas obrigações dentro do Protocolo de Kyoto", afirma Agnes de Rooij, da campanha de Transportes do Greenpeace Internacional.

O relatório destaca como as empresas alemãs de automóveis venceram a "guerra de negócios" contra os fabricantes franceses e italianos, por exemplo, que têm demonstrado maior preocupação em relação às emissões de seus veículos. Também revela como a indústria costuma premiar políticos que apóiam suas idéias com carros e outros 'brindes', e como ela conseguiu atrasar por sete anos a adoção de novas leis para reduzir as emissões de CO2 dos carros.

Para o coordenador da campanha de clima do Greenpeace Brasil, Luis Piva, o protesto foi uma forma irreverente de chamar a atenção para um sério problema.

"O setor dos transportes é um dos grandes vetores da mudança climática no mundo. No Brasil, nossa primeira lição de casa é zerar o desmatamento da amazonia e a segunda prioridade reduzir as emissões do setor de transporte e geração de energia", disse Piva.


(Envolverde/Greenpeace)

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