terça-feira, 22 de abril de 2008

Lula critica produção norte-americana de etanol

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje (sábado) que produtos que podem servir como alimento não devem ser utilizados para fazer biocombustíveis e criticou a produção de etanol a partir do milho pelos Estados Unidos. A opção norte-americana tem inflacionado o preço do milho e gerado problemas de abastecimento em países como o México, que depende do produto para ração animal.

“As políticas de biocombustíveis só têm um equívoco, que é a decisão americana de produzir álcool do milho”, disse Lula em seu primeiro compromisso oficial em Gana, no palácio presidencial.

“Certamente que isso reflete no preço de um produto que é importante para a ração animal, que é o milho”, justificou depois, em conversa com a imprensa.

“Respeitando a autonomia e a decisão de cada país, o que é recomendável é que a gente produza os biocombustíveis de produtos que não sejam alimento para a população”, afirmou.

Mais uma vez, Lula refutou as críticas crescentes e incisivas - inclusive do relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à alimentação, John Ziegler - de que a alta nos preços mundiais dos alimentos se deve à produção de biocombustíveis.

Segundo o presidente, a culpa da elevação dos preços (45% nos últimos nove meses) se deve muito mais ao aumento do custo do frete, causado pela valorização do petróleo.

“É muito estranho alguém fazer críticas aos biocombustíveis sem fazer nenhuma crítica ao barril do petróleo, que subiu de US$ 30 para US$ 103", afirmou.

O presidente defendeu a produção de energia limpa como oportunidade de desenvolvimento dos países mais pobres e negou que isso comprometa a produção de alimentos.

“No caso do Brasil, nós estamos provando que é possível produzir biodiesel e aumentar a produção agrícola, sobretudo na área de grãos”, frisou.

“Acho que teríamos um problema grave se produzíssemos muito alimento e não tivéssemos para quem vender”, ponderou, frisando que o atual desafio é produzir mais alimentos para dar conta do crescimento da demanda no mundo.

O presidente aproveitou para criticar o protecionismo dos países ricos. Pediu o fim dos subsídios concedidos pelas nações desenvolvidas aos seus agricultores e a abertura dos mercados desenvolvidos para produtos agrícolas dos países mais pobres.

“Alguns países ricos nâo têm mais como aumentar a sua produção agrícola. Então, obrigatoriamente, eles terão que olhar para o continente africano, terão que olhar para a América Latina e perceber que somos nós que temos terra, somos nós que temos as condições de suprir as necessidades do crescimento da demanda por alimento no mundo”, afirmou.
(Fonte: Mylena Fiori / Agência Brasil)

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