quarta-feira, 23 de abril de 2008

Ano Internacional do Planeta Terra discute mudanças climáticas

Por Monalisa Silva, do MCT

Um encontro de especialistas de diversas áreas, na Câmara dos Deputados, em Brasília, marca o lançamento do projeto Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT) para a América Latina e Caribe. A abertura será às 9h30 desta quarta-feira (23) e as apresentações se estendem até quinta-feira (24).

Promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), o AIPT pretende demonstrar o potencial das Ciências da Terra na construção de uma sociedade mais segura, sadia e sustentada. Tem, ainda, a meta de encorajar a sociedade a aplicar esse potencial de forma mais eficiente.

Dez temas científicos foram eleitos prioritários para serem desenvolvidos pelo projeto: água subterrânea (prevenção para um mundo cada vez mais sequioso); desastres naturais (mitigação e prevenção efetivas); Terra e saúde (geomedicina); clima (efeitos naturais e influência humana); recursos naturais e energia; megacidades; núcleo e crosta terrestres; oceanos; solos e Terra e vida (as origens da vida e do homem para a compreensão do futuro).

No evento, na Câmara dos Deputados, o pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), Carlos Afonso Nobre, vai abordar como o Brasil deve situar-se em relação à redução da emissão dos gases que provocam o aumento do efeito estufa e que ações deve adotar para se adaptar às mudanças climáticas.

O pesquisador reconhece que a concentração atmosférica de gás carbônico sobe ano após ano, mas acredita que é possível alterar o funcionamento do sistema terrestre, tornando o Planeta perpetuamente habitável. "Esse Ano Internacional do Planeta Terra acontece num momento único, no mesmo ano em que se iniciou a grande conscientização mundial após a publicação do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de 2007. Isso trouxe a percepção de que a questão climática é grave, é séria e merece atenção prioritária de todos os países e atenção continuada da comunidade científica ", disse.

Carlos Afonso Nobre apresentará, também, reflexões sobre o momento atual. "A questão climática é séria. Não conseguiremos, talvez por milênios, voltar à situação da estabilidade natural do sistema terrestre e do sistema climático. Pretendo explicar o significado disso, as implicações dessas mudanças climáticas para o País. Vou mostrar que estamos do lado perdedor, assim como a maioria dos países em desenvolvimento no mundo", conclui.

Além de cientistas, participam do evento os ministros da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, das Relações Exteriores, Celso Amorim, da Educação, Fernando Haddad, de Minas e Energia, Edison Lobão, e do Meio Ambiente, Marina Silva.

O que é o IPCC?

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) é um órgão composto por delegações de 130 governos para prover avaliações regulares sobre a mudança climática. Nasceu em 1988, da percepção de que a ação humana pode exercer uma forte influência sobre o clima do planeta e de que é necessário acompanhar esse processo.

O IPCC já publicou diversos documentos e pareceres técnicos. O primeiro Relatório de Avaliação sobre o Meio Ambiente (Assessment Report) foi publicado em 1990 e reuniu argumentos em favor da criação da Convenção do Quadro das Nações Unidas para Mudanças do Clima (UNFCC), a instância em que os governos negociam políticas referentes à mudança climática.

O segundo relatório do IPCC foi publicado em 1995 e acrescentou ainda mais elementos às discussões que resultaram na adoção do Protocolo de Kyoto dois anos depois. O terceiro relatório do IPCC foi publicado em 2001. Foi em 2007 que o grupo publicou o quarto grande relatório.

(Envolverde/MCT)

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