terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Proposta brasileira para reduzir desmatamento tem pouco apoio em Bali, admite secretária

A inclusão da preservação das florestas na conta das reduções mundiais de gases de efeito estufa deverá ser um dos principais temas das negociações da 13ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13), promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A proposta faz parte da agenda de países em desenvolvimento com grandes florestas tropicais, caso do Brasil, Papua Nova-Guiné e a Indonésia, anfitriã do encontro das Nações Unidas. O secretário-geral da Convenção, Yvo de Boer, defendeu a busca rápida por uma solução que incentive a redução do desmatamento, com compensação baseada no comércio das chamados créditos de carbono.

Por essa idéia, defendida pela Costa Rica e Indonésia, por exemplo, os países que deixassem de desmatar receberiam dinheiro pelos créditos de carbono gerados com a redução das derrubadas nas florestas. O Brasil, no entanto, é contrário à inclusão do desmatamento em mecanismos de compensação de créditos.

Segundo a secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Thelma Krug, a solução demoraria a ser efetivada e criaria um estímulo para que os países desenvolvidos continuassem poluindo porque teriam possibilidade de compensação por créditos de carbono. Principal representante da delegação brasileira para o assunto, a secretária participou nesta segunda-feira (03) de uma reunião sobre o tema.

Para a secretária, as florestas não devem ser usadas como a saída para "salvar o clima" e compensar as emissões causadas pela queima de combustíveis fósseis, principal causa do atual estágio de aquecimento global. "As questões do clima têm de ser resolvidas onde foram criadas; não se pode atribuir às florestas um papel maior do que elas têm", ponderou. “Não vamos fazer concessões.”

A delegação brasileira sugere, em linhas gerais, o financiamento voluntário dos países ricos para as nações em desenvolvimento que comprovarem a redução de desmatamento. Essa solução, no entanto, segundo a secretária, atualmente só é apoiada pela delegação de Tuvalu.

Como na ONU, as decisões são tomadas em bloco e aprovadas por consenso, a falta de apoio poderá inviabilizar avanços da proposta brasileira. "Sabemos que de Bali deve sair alguma definição sobre as reduções de emissões por meio da diminuição do desmatamento; ainda não sabemos qual", disse.

Esta semana, duas organizações não-governamentais (ONGs) internacionais que atuam no Brasil apresentarão em Bali estudos e relatórios sobre o desmatamento, além de sugestões de mecanismos para reduzir as emissões provocadas pela destruição de florestas. A reunião das Nações Unidas na Indonésia vai até o dia 14. (Agência Brasil)

Nenhum comentário: