segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Mudança climática pode gerar regresso inédito no desenvolvimento humano

Impacto do aquecimento global pode trazer reversão sem precedentes na redução da pobreza e nos avanços sociais, diz relatório do PNUD

Às vésperas da reunião de Bali, na Indonésia, onde representantes de governos vão discutir o futuro do Protocolo de Quioto, o Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa Nacional das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) alerta para a necessidade de concentrar-se nos impactos de mudanças climáticas, que podem trazer reversões sem precedentes na redução da pobreza e nos avanços alcançados em setores como saúde e educação.

O relatório intitulado Combater a mudança do clima: Solidariedade Humana em um mundo dividido faz um mapeamento da ameaça representada pelas mudanças de clima e afirma que o mundo caminha para um ponto em que os países e os cidadãos mais pobres podem ficar permanentemente aprisionados em uma espiral de pobreza, em que centenas de milhões de pessoas terão dificuldades crescentes de garantir sua sobrevivência, escapar da desnutrição, convivendo progressivamente com falta de água e com desequilíbrios ecológicos.

“Em última instância, a mudança do clima é uma ameaça para o mundo, como um todo. Mas são os pobres, aqueles que não têm responsabilidade pelo débito ecológico em que nos encontramos, que se deparam com os custos humanos mais severos e mais prementes,” afirma o Administrador do PNUD, Kemal Dervis.

O relatório é divulgado em um momento-chave das negociações em torno de um acordo multilateral que vai substituir o Protocolo de Quioto após 2012. E recomenda uma abordagem de duas vias: combinando a mitigação dos gases que provocam o efeito estufa em limites que mantenham o aquecimento global em menos de 2°C no século XXI, com a ampliação da cooperação internacional voltada para a adaptação às novas condições do clima.

Além de fazer um chamado aos países desenvolvidos, para que demonstrem liderança e reduzam a emissão de gases que provocam o efeito estufa em pelo menos 80% em relação aos níveis de 1990 até 2050, o relatório recomenda um sistema que inclui impostos sobre a emissão de gases, programas mais rígidos de crédito de carbono, regulamentação de energia e cooperação internacional para financiar a transferência de tecnologia para produção de energia com emissões mais limpas.

O RDH alerta para o fato de que as diferenças para lidar com a mudança do clima estão tornando-se cada vez mais as causas para o aumento da desigualdade entre países. Segundo o relatório, os países ricos devem colocar a questão do clima no centro da parceria internacional para promover a redução da pobreza.

“Estamos fazendo um chamado para ação”, diz o Coordenador do relatório, Kevin Watkins, para quem é possível “ganhar a batalha contra as mudanças climáticas”. Para ele, perder esta oportunidade “iria representar um fracasso moral e político” também sem precedentes.

Brasília, 27/11/2007

www.pnud.org.br - PNUD Brasil

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