quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Desavença sobre metas de CO2 para 2020 azeda clima em Bali

De forma velada, a União Européia (UE) criticou os EUA na terça-feira (11) durante a conferência do clima realizada em Bali, por conta dos esforços do governo norte-americano para retirar de um projeto de texto duras metas de corte na emissão de gases do efeito estufa a serem cumpridas por países ricos até 2020.

As negociações, comandadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), viram-se tomadas por disputas sobre se o texto final, chamado de mapa do caminho de Bali, deveria omitir uma referência à necessidade de os países ricos diminuírem, até 2020, suas emissões para 25% a 40% abaixo dos níveis de 1990.

Qualquer relativização ou retirada total dessas metas, ainda que não compulsórias, desagradaria os países em desenvolvimento, que exigem das nações desenvolvidas um corte maior nas emissões.

A disputa deixou em um segundo plano a celebração do aniversário de dez anos do Protocolo de Kyoto, que os delegados reunidos em Bali pretendem substituir, ou expandir, a partir de 2013.

"Claro que isso é crucial para a União Européia e não apenas para a União Européia", afirmou o comissário do Meio Ambiente da UE, Stavros Dimas, a repórteres, em Bali.

"A fim de travarmos uma luta efetiva contra as mudanças climáticas, precisamos estipular um intervalo de redução a ser cumprido pelos países desenvolvidos até 2020", disse.

As negociações de Bali pretendem atrelar todos os países do mundo às obrigações de cortar suas emissões a partir de 2013, mas as nações pobres desejam que as ricas comprometam-se mais, antes de aceitarem tais metas.

Os negociadores esforçam-se para encontrar uma fórmula capaz de convencer os países em desenvolvimento, em especial a China e a Índia, a acatarem limites compulsórios.

As negociações, previstas para durar duas semanas, devem ser concluídas na sexta-feira à noite, e esse tipo de processo costuma estender-se até o último minuto.

"Conseguimos avançar bastante, mas ainda não chegamos a um acordo", disse o chefe do Secretariado das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, Yvo de Boer, em um encontro mantido em separado com ministros das Finanças de vários países.

"Provavelmente, será necessário que percamos algumas noites de sono para conseguirmos colocar em um mesmo barco todos os países, ricos e pobres."

Os grupos ambientalistas preocupam-se com a possibilidade de os esforços liderados pelos EUA nas negociações de Bali levarem à retirada de qualquer referência às diretrizes para 2020.

O governo norte-americano diz que a inclusão dessas referências significaria prejulgar o resultado das futuras negociações.

"Precisamos colocar uma grade de segurança ao redor das negociações para os próximos dois anos", afirmou Hans Verolme, do grupo ambientalista WWF. Segundo Verolme, o intervalo de 25% a 40% de corte faz-se necessário para que os países industrializados dêem mostras de que ficarão à frente desses esforços. (Estadão Online)

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