segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Modelo meteorológico prevê temperaturas recorde após 2009

Em artigo publicado na revista Science, uma equipe de pesquisadores britânicos prevê que o aquecimento global vai diminuir de ritmo até 2009, e em seguida voltar a registrar temperaturas recordes.

O trabalho do grupo britânico acrescenta detalhes para aprimorar a precisão de complexos modelos de computador que calculam as mudanças do clima. Com isso, a equipe de Doug M. Smith, do British Meteorological Office, conhecido como "Met", produziu um modelo aperfeiçoado de previsão climática.

Eles incluíram nos cálculos fenômenos naturais como o El Niño, flutuações nas correntes marítimas e anomalias na temperatura dos oceanos. A maioria dos modelos anteriores focalizava o impacto de fatores externos ao clima, como radiação solar e partículas em suspensão na atmosfera.

A nova perspectiva aponta uma redução no aquecimento global pelos próximos anos, seguida por uma nova intensificação.

Eles prevêem que pelo menos metade dos anos cinco anos após 2009 serão mais quentes que 1998, o ano mais quente já registrado, segundo o Met. O Centro de dados Climáticos dos EUA registra 2005 empatado com 1998.

A fim de avaliar a precisão da nova abordagem, a equipe avaliou diversos períodos de dez anos, de 1982 a 2001, usando o novo sistema para "retro-prever" temperaturas médias globais ao longo de cada década, com base em condições iniciais e nas mudanças reais na concentração de gases do efeito estufa.

O sistema foi capaz de "prever" o que realmente aconteceu com precisão 50% maior do que um modelo similar, mas que não assimilava as condições iniciais da atmosfera e do oceano no início da simulação.

O modelo, no entanto, ainda é imperfeito, e a previsão contém uma ampla margem variação - o artigo cita que 2014 será 0,31º C mais quente que 2004, pondo ou tirando 0,21º C. Uma margem de erro que pode ir de 5% a 95%.

Fuligem - Em outro trabalho publicado no mesmo periódico, cientistas americanos afirmam que, em meados do século 19, a fuligem começou a piorar a situação climática no Ártico.

A fuligem pode escurecer a neve, fazendo-a absorver a luz do sol, aquecer-se e derreter. Isso, por sua vez, pode elevar as temperaturas do local, expondo ao sol o solo escuro que estava coberto pela neve.

Núcleos de gelo de antes de 1850 mostram fuligem que, na maior parte, veio de incêndios florestais. Mas, desde então, o acúmulo de fuligem negra na neve aumentou muitas vezes, a maior parte vinda de atividades industriais.

O estudo sobre fuligem foi feito por uma equipe liderada por Joseph R. McConnell, do Instituto de Pesquisa do Deserto. Os cientistas analisaram os níveis de carbono negro no gelo da Groenlândia, cobrindo 215 anos.

Os pesquisadores determinaram que a fuligem mais antiga contém ácido vanílico, um indicador da queima de árvores. Mas, em anos mais recentes, a fuligem era sete vezes mais comum e continha uma maior concentração de compostos de enxofre associados à poluição industrial.

As concentrações de fuligem atingiram um pico entre 1906 e 1910, e continuaram altas por décadas. As emissões de enxofre caíram após a aprovação da Lei do Ar Limpo nos Estados Unidos, nos anos 70.

No início do século 20, o Ártico se aqueceu mais que qualquer outro local da Terra, diz o pesquisador Richard B. Alley, escrevendo em um comentário ao artigo.

Estadão Online

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