O presidente da EPE - Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, afirmou nesta terça-feira (21) que as usinas hidrelétricas vão ser a principal fonte de energia do país no longo prazo. Ele disse que, apesar dessa preponderância, a matriz energética deve se diversificar.
"A hidroeletricidade continuará preponderante na matriz energética brasileira. Entre 2005 e 2030, nós vamos precisar de cerca de 130 mil MW no Brasil, sendo 88 mil de hidrelétrica. Depois, a segunda fonte mais importante pra geração de energia elétrica será a Térmica a Gás, com 12 mil MW", afirmou Tolmasquim, durante divulgação do "Plano Nacional de Energia - PNE 2030", primeiro estudo de planejamento de longo prazo para o setor energético. "Temos também as PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) com 7mil MW e a biomassa com 6.500 MW", acrescentou.
Segundo o estudo, até 2030 a produção de álcool deve saltar de 17 bilhões de litros anuais para 66 bilhões de litros. O biodiesel também terá uma participação importante na matriz energética.
"O país tem um grande potencial energético e uma das coisas interessantes é que a gente continua com a matriz renovável. Hoje, cerca de 44,5% da nossa matriz é renovável. Em 2030 continua essa mesma percentagem, o que é muito bom em relação ao resto do mundo, que tem em torno de 6% de renováveis", disse Tolmasquim.
Diversificação - A EPE também conta com uma diversificação da matriz energética até 2030. "Se a gente for olhar em 1970 apenas duas fontes representavam todo o suprimento do Brasil, que era Petróleo e lenha. Em 2030, quatro fontes vão estar atendendo, principalmente o suprimento do país, vai ser o Petróleo, gás natural, hidroeletricidade e cana de açúcar", afirmou o presidente da entidade.
O levantamento também mostra que vai haver um grande crescimento do consumo de energia como um todo nos próximos anos, em ritmo superior ao verificado nos últimos 35 anos. Por outro lado, a entidade espera que aumente a eficiência do uso dessa energia. A redução no consumo energética para a produção de riquezas deve ser resultado não somente do uso de processos mais eficientes, mas também do aumento da participação do setor de serviços no PIB - Produto Interno Bruto.
"Nos últimos anos houve uma industrialização muito pesada. A conseqüência desse aumento das indústrias, grandes consumidoras de energia, foi o aumento do consumo de energia em relação ao PIB, ou seja, você precisava de muita energia para produzir uma unidade de PIB. No futuro, vai ter um aumento maior no setor de serviços, logo a tendência é reduzir a quantidade de energia consumida por unidade de PIB", explicou Tolmasquim.
A pesquisa diz que apesar da hidroeletricidade continuar majoritária na matriz energética, ela vai perder espaço em relação a hoje. Vai cair de 90% para 78%, porque pouco a pouco se reduz a quantidade de empreendimentos factíveis de condições ambientais", afirma.
"Em 2020, 2025, você já começa a sentir falta de hidrelétricas para atender a demanda, por isso que entra a nuclear. Nós vamos precisar de usinas funcionando na base do sistema, ou seja, de maneira contínua. A partir de 2025 a energia nuclear passa a ter um papel importante", acrescenta o presidente da EPE.
Folha Online
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