quarta-feira, 25 de julho de 2007

Países das Américas discutem impacto ambiental e biocombustíveis

A discussão sobre o impacto do aquecimento global abriu a Semana da Agricultura e Vida Rural das Américas na cidade guatemalteca de Antigua, com a participação de ministros de 34 países do continente.

Chelston Brathwaite, diretor do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), disse que, para enfrentar os efeitos negativos das mudanças climáticas na agricultura, a instituição vai propor "retomar o programa de seguros para a agricultura".

"Antes, outorgar seguros agrícolas não era um tema rentável para as grandes empresas seguradoras", disse. Isto era devido aos milionários danos causados por fenômenos naturais, como os furacões, as secas e as inundações.

No entanto, ele acredita "que é necessária uma aliança entre o setor privado e os governos".

Segundo Brathwaite, é mais barato, especialmente para os países mais pobres do continente, ter seguros agrícolas. Com isso, seria possível garantir os investimentos e evitar crise alimentares geradas pelos efeitos do aquecimento global.

Com a medida, de acordo com o diretor, devem ser incentivados programas para promover "práticas agrícolas modernas", como a proteção de bacias hidrográficas e a reparação de terrenos dedicados à agricultura. De acordo com Brathwaite, estes planos devem estar "em harmonia com a proteção dos recursos naturais".

Mudança climática

"As mudanças climáticas já são uma realidade, e revertê-las é algo muito difícil", disse ele. Por isso, ele afirma que é preciso tomar medidas drásticas imediatamente para atenuar os efeitos e evitar que o fenômeno aprofunde os altos níveis de pobreza.

A reunião americana servirá de marco para a realização, de forma paralela, do Fórum Hemisférico de Delegados Ministeriais do Grupo de Implementação e Coordenação dos Acordos sobre Agricultura e Vida Rural (Grica).

Além disso, também serão realizadas a 4º Reunião Ministerial de Agricultura e Vida Rural nas Américas e a 14º Reunião Ordinária da Junta Interamericana de Agricultura. O encontro na Guatemala termina no dia 27 de julho.

O ministro de Agricultura guatemalteco, Bernardo López, afirmou a jornalistas que além dos impactos das mudanças climáticas na agricultura, os ministros debaterão "o desenvolvimento da agricultura e seu papel na redução da pobreza rural e urbana" no continente.

Além disso, segundo López, os ministros falarão sobre a produção de biocombustíveis gerados com produtos agrícolas e o impacto da biotecnologia na agricultura.

De acordo com Brathwaite, os acordos sobre esses temas feitos nas reuniões contribuirão para o cumprimento das Metas do Milênio da ONU.

O diretor do IICA disse que 77% dos pobres do mundo dependem diretamente da agricultura, o que obriga os governos a dedicar especial atenção ao desenvolvimento desta atividade.

Biocombustíveis

Quanto à produção de combustíveis alternativos com base em produtos agrícolas, Brathwaite afirmou que esta é uma opção que deve ser otimizada.

Ele negou que exista um dilema ético a respeito. Para ele, "os biocombustíveis não devem afetar a segurança alimentar", porque sua principal fonte são os produtos não-alimentícios, como os resíduos da cana-de-açúcar e a palmeira africana.

O milho, base nutricional de milhões de pessoas no continente, e cujo uso potencial na fabricação de etanol provocou debates e polêmicas, não é uma opção aceitável, segundo Brathwaite.

Para conseguir avanços na exploração da agroenergia e nos biocombustíveis, durante o encontro, o IICTA vai propor um programa de cooperação para trocar experiências com os países mais avançados nessas matérias.

Folha online

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