segunda-feira, 30 de julho de 2007

Mudança climática duplicou freqüência de furacões nos últimos 100 anos

O número de furacões que nascem no Atlântico duplicou em comparação com o século passado, devido ao aumento da temperatura marítima e à mudança climática, segundo pesquisa realizada por cientistas americanos.

O estudo, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas (NCAR, em inglês) e no Instituto Tecnológico da Geórgia, também considerou a mudança nos padrões do vento das últimas décadas.

Como exemplo, os cientistas afirmam que no ano de 2006 --menos ativo que os dois anteriores pela presença do fenômeno El Niño no Pacífico-- há um século teria sido considerado como uma temporada com tempestades muito acima da média.

A análise se baseia nos furacões e nas tempestades tropicais que nascem nos litorais ocidentais da África durante o segundo semestre.

Os ciclones adquirem força e massa à medida que avançam em direção ao oeste e geralmente entram no Golfo do México ou causam impacto sobre as costas da América Central e dos Estados Unidos.

O documento identifica três períodos desde 1900, durante os quais a média de furacões e tempestades tropicais aumentou de maneira considerável.

O primeiro período, entre 1900 e 1930, registrou uma média de seis tempestades tropicais, das quais quatro foram furacões.

Entre 1930 e 1940, a média anual foi de 10 ciclones, incluindo cinco tempestades tropicais e cinco furacões. Já entre 1995 a 2005 a média chegou a 15: oito furacões e sete tempestades tropicais.

"Os números são um indício concreto de que a mudança climática é um fator influente no número de furacões do Atlântico", disse Greg Holland, cientista do NCAR e um dos autores do estudo publicado pelo portal "Philosophical Transactions of the Royal Society of London".

Por outro lado, "com os padrões atuais, um ano de pouca atividade de furacões teria sido considerado normal e até ativo na primeira parte do século passado".

Apesar de evitarem fazer prognósticos negativos, os cientistas avisaram que o período atual não se estabilizou ainda, o que significa que a média no número de furacões poderia ser maior nos próximos anos.

De acordo com os pesquisadores, o aumento no número de furacões e tempestades tropicais durante os últimos 100 anos é paralelo ao das temperaturas marítimas, que foi de cerca de 1,7 ºC.

O aquecimento marítimo aconteceu em épocas anteriores a fortes altas na freqüência das tempestades, tanto no período que começou em 1930 como no que teve início em 1995, e continuou nos anos posteriores.

No entanto, apesar do aumento no número e na freqüência das tempestades, a proporção de furacões e tempestades tropicais se manteve sem grandes variações.

Até agora, os furacões representaram cerca de 55% de todos os ciclones tropicais que nascem no Atlântico.

Mas a proporção de furacões mais violentos, com ventos de quase 200 km/h, oscilou irregularmente e nos últimos anos aumentou em relação aos ciclones menos intensos e às tempestades tropicais, disseram os cientistas.

Folha online

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