segunda-feira, 30 de julho de 2007

Aquecimento global causa proliferação de furacões

A ciência já havia ligado os fortes furacões de 2005 ao aquecimento global. Agora, segundo estudo publicado ontem em Londres, mas feito por uma dupla americana de pesquisadores, são todas as fortes tormentas dos últimos 100 anos que podem ter sido formadas com a ajuda da maior quantidade de calor presente no oceano.

Pelas contas feitas por Greg Holland, da Noaa (Agência Nacional para Oceanos e Atmosfera dos EUA) e Peter Webster, do Instituto de Tecnologia da Georgia, sempre que a temperatura da superfície do mar aumentou, logo em seguida, o número de tormentas e furacões também cresceu. Os dados são apenas do Atlântico Norte.

Entre 1900 e 1930, a temporada de grandes tormentas teve uma média de seis eventos anuais, sendo quatro furacões.

Na década seguinte, explicam os cientistas, a média subiu para dez, com quatro furacões por ano.

Entre 1995 e 2005 a mesma proliferação também foi observada. A média de eventos chegou aos 15, divididos em oito furacões e sete tormentas.

Um pouco antes do início desses dois intervalos cronológicos, segundo os pesquisadores, os registros mostram um aumento da temperatura da água de superfície do Atlântico Norte de 0,7C.

"Esses números indicam de forma sólida que a mudança do clima é o maior fator de crescimento dos furacões registrados no Atlântico Norte", disse Holland, por meio de comunicado.

Na média anual, nos últimos cem anos, o número de furacões no Atlântico Norte duplicou em relação ao século anterior.

O estudo publicado ontem de forma eletrônica na "Philosophical Transactions of the Royal Society of London" bate de frente com a posição oficial da própria Noaa.

O órgão americano, em 2005, ano do Katrina, do Wilma e de outros 13 furacões, disse que a proliferação das grandes tormentas fazia parte de um ciclo natural de mudanças.

Céticos do clima

Não é essa a opinião dos cientistas que publicaram o novo estudo ontem e muito menos de outros grupos que, no ano passado, já haviam chegado a conclusão de que as mudanças climáticas estavam relacionadas com os episódios de 2005.

"Nós estamos convictos de que a recente ressurgência na freqüência dos ciclones tropicais tem muito a ver com o aumento dos gases-estufa", disseram os cientistas americanos.

Depois das temporadas catastróficas de 2004 e 2005 --essa última sem precedentes na história-- o ano de 2006 foi bem mais calmo. Mas, segundo os autores do estudo publicado ontem, o importante é ver a média ao longo de um intervalo maior de tempo.

Os céticos ainda dizem que os dados sobre as grandes tormentas obtidos antes de 1940 são pouco confiáveis.

Folha Online

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