PEQUIM - O acelerado derretimento das geleiras no planalto tibetano causado pelo aquecimento global põe em perigo o fornecimento de água de milhões de pessoas na China e no Sudeste Asiático, alertou nesta quarta-feira o grupo ecologista Greenpeace. As geleiras do planalto de Qinghai-Tibet alimentam os grandes rios da Ásia, entre eles o Amarelo, o Yang Tsé, o Mekong e o Ganges, em cujas margens vivem centenas de milhões de pessoas, afirmou Li Yan, dirigente do Greenpeace na China.
O aumento incessante das temperaturas, que no Everest é de 0,4 graus por década (o dobro da média chinesa e o triplo da mundial), lembrou Li, acelerou o derretimento e a evaporação das geleiras e da neve. A alteração do ritmo natural do degelo e o acúmulo de água das geleiras em lagos instáveis que se formam e transbordam já se torna uma grande ameaça para a vida dos que vivem rio abaixo.
- Agora o inverno é tão quente quanto o verão, e não há gelo - diz um monge tibetano que há 20 anos vive em um mosteiro ao lado da geleira Rongbuk, em um vídeo exibido pelo Greenpeace.
O estudo chega após três expedições à área realizadas nos últimos meses por membros do Greenpeace, nas quais compararam o nível atual das geleiras com fotografias tiradas no local há cerca de 40 anos.
- Grande parte da geleira Rongbuk, a maior na encosta norte do Monte Everest, desapareceu. Isto é um sério alerta. Devemos agir imediatamente ou a maioria das geleiras terá sumido nas próximas décadas - disse Li.
Os ecologistas observaram o mesmo degelo drástico na região onde nasce o rio Amarelo, também no planalto tibetano, onde as torres de gelo, outrora características, praticamente desapareceram. Para amenizar a tendência, o Greenpeace instou a China a reduzir as emissões de dióxido de carbono e adotar uma 'revolução energética' baseada em fontes renováveis.
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