quarta-feira, 9 de maio de 2007

Número um em restauração

A tradição do Brasil em estudos sobre restauração florestal é reconhecida mundialmente. Por isso, ao projetar uma obra de referência sobre o tema, a editora norte-americana Nova Science não pensou duas vezes em encomendá-la a pesquisadores brasileiros. O resultado está no livro High diversity forest restoration: methods and projects in Brazil, que acaba de ser lançado.

Organizado por Ricardo Ribeiro Rodrigues e Sergius Gandolfi, da Esalq - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP - Universidade de São Paulo, e Sebastião Venâncio Martins, da UFV - Universidade Federal de Viçosa, a obra apresenta métodos, resultados científicos e casos empíricos de restauração em florestas tropicais e subtropicais de alta diversidade.

De acordo com Rodrigues, que também é coordenador do Programa Biota-Fapesp, o livro deverá contribuir para divulgar os principais métodos de restauração florestal empregados em situações variadas de degradação ambiental.

A obra se concentra em três linhas básicas: o aproveitamento da capacidade de auto-recuperação dos ecossistemas, a utilização de elevada diversidade de espécies nativas e a sustentabilidade das áreas restauradas a um baixo custo financeiro.

“O livro se vale da experiência adquirida ao longo dos anos por nosso grupo em pesquisas no âmbito do Biota-FAPESP. Procuramos aplicar em restauração o vasto conhecimento gerado pelo programa a respeito da dinâmica de funcionamento de floresta. Todas as propostas que apresentamos no livro são baseadas em pesquisa”, disse Rodrigues à Agência FAPESP.

Além de apresentar os resultados de projetos de restauração realizados em diversas regiões do Brasil, o livro traz um rico referencial teórico sobre a sucessão ecológica, sua evolução por meio de mudança de paradigmas e sua aplicação na recuperação de áreas degradadas. Os três primeiros capítulos são dedicados à sustentação teórica dos conceitos e às metodologias de restauração. Em seguida, entram os estudos de caso.

“A experiência de mais de dez anos em aplicação do conhecimento à restauração tem sido um grande diferencial no nosso trabalho. São mais de 3,5 mil hectares de matas ciliares restauradas, principalmente em São Paulo, mas também em outros estados. A proposta da editora foi fortalecida em função disso”, afirmou Rodrigues. A Nova Science, que publica mais de 20 periódicos científicos na área médica, tem se voltado para a área de ecologia nos últimos cinco anos.

“O Brasil é muito forte em restauração. Outros países não têm essa tradição, principalmente por não terem diversidade tão alta. Mas, entre os países dos trópicos com essa particularidade, só o Brasil tem um trabalho tão consolidado em restauração”, disse.

Para Rodrigues, como a obra reúne especialistas de diversas instituições e aborda o tema por várias vertentes, ela poderá se tornar um referencial para cursos de pós-graduação em ciências agrárias e biológicas, cujo enfoque esteja voltado para essas áreas.

“No livro, não apenas apresentamos nossa experiência em restauração ligada à biodiversidade, mas também aquela ligada à legislação ambiental brasileira. Sua publicação é fruto de uma demanda de mercado”, disse.
(Fábio de Castro/ Agência Fapesp)

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