terça-feira, 1 de maio de 2007

EUA e China querem suavizar novo relatório do IPCC

Os EUA e a China, maiores emissorres de gases do efeito estufa do mundo, pretendem lutar para suavizar os termos do próximo relatório do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática da ONU (IPCC), alegando que a tomada de medidas imediatas para combater a mudança climática, defendida na versão preliminar do texto, será mais cara e menos eficiente do que defendem os cientistas, de acordo com documentos a que a Associated Press teve acesso.

Os comentários dos dois governos, apresentados antes da reunião desta semana do IPCC, também minimizam os benefícios potenciais da redução de emissões de gases causadores do efeito estufa e criticam a conclusão do texto, de que uma ação rápida poderia estabilizar os níveis desses gases, limitando a elevação da temperatura global a 2º C.

Os comentários americanos e chineses são um prelúdio do que, esperam os delegados reunidos em Bangcoc, será uma semana de embates para preservar as conclusões fundamentais do texto preliminar do IPCC, que diz que as emissões de gases do efeito estufa podem ser rapidamente cortadas abaixo dos níveis atuais, se o mundo abandonar combustíveis como o carvão, investir em eficiência energética e reformar a prática agrícola.

O relatório preliminar foi preparado por centenas de cientistas de todo o mundo, e revisado por pesquisadores independentes.

Os dois relatórios já divulgados neste ano pelo IPCC pintam um quadro sinistro para o futuro da Terra, no qual a emissão desenfreada de gases do efeito estufa poderá levar as temperaturas globais em até 6º C até 2100. Mesmo a elevação de 2º C poderá submeter 2 bilhões de pessoas à falta de água até 2050, e pôr de 20% a 30% das espécies do mundo em risco de extinção.

O relatório em debate nesta semana destaca que o mundo deve abraçar rapidamente uma cesta de opções tecnológicas - já disponíveis ou em estágio de desenvolvimento - para conter o avanço da temperatura em 2º C.

Mas os EUA querem adotar uma abordagem de longo prazo, posição que provavelmente enfurecerá os países insulares, que perderão território com a elevação do nível do mar provocada pelo aquecimento, e outras nações que já sentem os efeitos da mudança climática.

O governo americano quer inserir cláusulas no relatório afirmando que o custo das tecnologias disponíveis atualmente para reduzir as emissões de gases causadores do aquecimento "poderão ser inaceitavelmente altos" e pedindo por uma ênfase maior em "tecnologias avançadas", muitas das quais teriam o objetivo de prolongar o uso do carvão.

EUA e China também criticam os cálculos econômicos do relatório, que concluem que estabilizar os gases do efeito estufa de forma a limitar o aquecimento a 2º C custaria menos de 3% do PIB global, ao longo de duas décadas.

O chefe da delegação americana ao IPCC, Harlan Watson, disse em e-mail que a meta dos EUA no processo é "que os relatórios reflitam da melhor maneira o estado Amis recente do conhecimento a respeito da mudança climática global, para que esses relatórios sejam úteis para a comunidade política e tenham apoio em dados científicos e econômicos".

A China uniu-se aos EUA na tentativa de remoer do texto expressões dando conta de que o potencial de redução do aquecimento global é "significativo".

(Fonte: Associated Press / Estadao.com.br)

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