terça-feira, 1 de maio de 2007

Cientistas e governos estudam combate a mudanças climáticas

Por David Fogarty

BANGCOC (Reuters) - Depois de dois relatórios sombrios da Organização das Nações Unidas sobre o aquecimento global, cientistas e governos começaram a estudar nesta segunda-feira como combater as mudanças climáticas, e grupos ambientalistas dizem que o mundo tem como cortar as emissões a custos baixos.

Especialistas estão reunidos em Bangcoc para revisar o último relatório da ONU e divulgarão na sexta-feira um rascunho das propostas de soluções.

O esboço do relatório adverte que o tempo para medidas baratas está acabando, por causa do crescimento das emissões dos gases causadores do efeito estufa.

Este é o terceiro estudo feito neste ano pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC).

"A ciência certamente fornece muitos motivos para agirmos", disse a repórteres Rajendra Pachauri, presidente do IPCC.

Ao ser questionado sobre como o IPCC transformará o relatório em ação governamental, ele disse: "O IPCC não tem músculos, tem massa cinzenta. O músculo terá de vir de algum outro lugar.."

Os principais poluidores, como Estados Unidos, China e Arábia Saudita, grande produtora de petróleo, deverão tentar enfraquecer o relatório, atentos a linguagem que estabelece metas para cortes de emissões ou ameaça suas indústrias de petróleo e gás.

O painel climático da ONU emitiu seu primeiro relatório em fevereiro, dizendo que pelo menos 90 por cento da culpa pelo aquecimento pode ser atribuída aos humanos. O segundo, em abril, advertiu para o perigo de mais secas, fome, ondas de calor e elevação dos níveis do mar.

"Grupos ambientalistas dizem que acabou o tempo para contestações dos governos. O importante é que, o que quer que seja decidido aqui, não pode mais ser ignorado que a mudança climática está ocorrendo com força. Está ocorrendo muito mais rápido. Temos mais soluções do que antes e não é tão caro como algumas pessoas querem que acreditemos", disse Stephan Singer, chefe da Unidade de Política de Mudança Climática do WWF.

SOLUÇÕES

O relatório estima que a estabilização das emissões nocivas custarão entre 0,2 por cento e 3,0 por cento do produto interno bruto mundial até 2030, dependendo da rigidez dos cortes.

Em alguns cenários, os PIBs podem ter até mesmo alguns pequenos estímulos, frente à diminuição da poluição e dos danos à saúde causados pela queima de combustíveis fósseis, apontada como a principal causa do aquecimento.

Grande parte do relatório apóia as conclusões do ex-economista chefe do Banco Mundial Nicholas Stern, que estimou no ano passado que os custos da ação imediata para conter o aquecimento seriam de cerca de um por cento da produção global -- de 5 por cento a 20 por cento se o mundo adiasse a ação.

Foram propostas mais de 1.000 emendas ao sumário de 24 páginas para os formuladores de políticas. Alguns países reclamam que há muito jargão científico, o que dificulta a compreensão.

O relatório apresenta soluções como capturar e enterrar emissões de usinas de carvão, mudança para energias renováveis, como solar e eólica, mais uso de energia nuclear, iluminação mais eficiente e isolamento de prédios. Mas afirma que as temperaturas subirão pelo mentos entre 2 e 2,4 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, mesmo com as medidas de cortes. A União Européia afirma que a elevação de 2 graus pode significar mudanças "perigosas" para o sistema climático.

O relatório faz uma análise dos níveis de estabilização dos gases causadores do efeito estufa no futuro.

(Reportagem adicional de Darren Schuettler e Ed Cropley)

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