quarta-feira, 2 de maio de 2007




Cúpula UE-EUA vai pedir ação climática "urgente"



A União Européia e os Estados Unidos vão concordar em reunião de cúpula nesta segunda-feira que as mudanças climáticas constituem um desafio fundamental que requer "ação global urgente e sustentada", de acordo com um esboço de declaração conjunta ao qual a Reuters teve acesso.

A chanceler alemã, Angela Merkel, em sua primeira viagem a Washington desde que assumiu a presidência da UE, procura convencer os Estados Unidos a adotarem medidas concretas para a redução da emissão dos gases do efeito estufa, tidos como causadores das mudanças climáticas.

Merkel espera que a declaração conjunta seja incluída em um acordo mais amplo de combate ao aquecimento global numa cúpula do G8, que ocorrerá em 8 de junho, em Heiligendamm, no Báltico, sob sua presidência.

"Acho que demos um passo à frente em matéria de clima e eficiência energética", disse Merkel a jornalistas em Washington, antes de seu encontro com o presidente George W. Bush.

"Queremos usar isto como fundamento para um acordo mais amplo na cúpula entre os países do G8 e possivelmente também (incluindo) a Índia e China."

A declaração sobre segurança e eficiência energética e mudanças climáticas será apresentada ao lado de uma "Parceria Econômica Transatlântica" mais ampla que visa cortar as custosas barreiras não-tarifárias ao comércio entre a UE e os EUA.

Pelo acordo, os parceiros concordarão em harmonizar os padrões de regulamentação e cooperar em áreas como propriedade intelectual, segurança comercial, investimento e mercados financeiros.

Será criado um conselho liderado pelo comissário industrial da UE, Guenter Verheugen, e o assessor econômico da Casa Branca, Allan Hubbard, para monitorar os avanços no alinhamento dos regulamentos e apresentar relatórios anuais aos líderes dos EUA e da UE.

Além da agenda fixa, Merkel e Bush vão conversar sobre várias questões internacionais, desde o programa nuclear iraniano até a paz no Oriente Médio.

TENSÕES COM A RÚSSIA

As relações com a Rússia também ganharam destaque, após um discurso de linha dura do presidente Vladimir Putin na semana passada, no qual ele criticou os planos dos EUA de instalar um escudo antimísseis na Europa central e congelou os compromissos de Moscou sob um acordo-chave de armas.

Washington diz que o escudo protegerá os países contra ameaças de "Estados fora da lei" como o Irã e a Coréia do Norte, mas Moscou o vê como ameaça e avanço em sua antiga esfera de influência.

"Vou reiterar a necessidade de discutir isso com a Rússia, e o encontro entre Otan e Rússia será um bom momento", disse Merkel, negando que esse será o tema principal de sua conversa com Bush.

Autoridades alemãs descreveram a declaração conjunta sobre as mudanças climáticas como passo à frente para a administração Bush, mas a declaração não contém nenhum compromisso concreto.

O esboço da declaração diz que a UE e os EUA se comprometem com a meta de estabilizar a emissão dos gases causadores do efeito estufa e reconhece o trabalho do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, ou IPCC, que este mês divulgou um relatório dizendo que o aumento da temperatura está mudando o planeta e pode levar a mais fome, escassez de água e extinções.

O esboço exorta ao desenvolvimento e comercialização de tecnologias avançadas para "desacelerar, estabilizar e reduzir de maneira significativa" as emissões globais de gases e promete um esforço conjunto para produzir resultados na reunião do G8 e trabalhar construtivamente antes de uma reunião chave da ONU sobre mudanças climáticas que terá lugar em Bali, na Indonésia, em dezembro.





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