quarta-feira, 11 de abril de 2007

Freakonomics.com: Gore faz avaliação fria da atuação da mídia sobre o aquecimento global

Freakonomics.com: Gore faz avaliação fria da atuação da mídia sobre o aquecimento global

Stephen J. Dubner e Steven D. Levitt

Al Gore culpa a mídia por omissão diante do aquecimento global

Na semana passada, Al Gore disse a um grupo de cerca de 50 pessoas reunidas para uma cúpula de ética na mídia na Universidade Estadual Middle Tennessee que nenhum artigo de publicação científica discordou da premissa de que o aquecimento global existe, segundo um estudo de dez anos, enquanto 53% das matérias de jornais americanos refutaram o conceito, segundo outro estudo. A palestra de Gore foi noticiada pelo jornal "The Tennessean".

"Acredito que esse é um dos principais motivos pelos quais os líderes políticos de todo o mundo ainda não tomaram medidas. Há muitos motivos, mas um dos principais, em minha opinião, é que mais da metade da grande mídia rejeitou implicitamente o consenso científico - e 'rejeitou' talvez seja a palavra errada. Eles deixaram de noticiar que esse é o consenso, e em vez disso escolheram... o equilíbrio como viés", disse Gore, segundo o jornal.

"Não acho que qualquer dos editores ou repórteres responsáveis por uma dessas matérias que dizem 'Pode ser real, pode não ser real' seja antiético. Mas acho que eles fizeram a opção errada, e creio que as conseqüências são graves", acrescentou Gore, que dois dias antes ganhou um Oscar por seu documentário "Uma Verdade Inconveniente", sobre o aquecimento global.

"Acho importante examinarmos as pressões que aumentaram a probabilidade de os jornalistas da corrente dominante nos EUA transmitirem uma conclusão totalmente imprecisa sobre a mais importante questão moral, ética, espiritual e política que a humanidade já enfrentou."

Eu afirmaria que ele está... hmm... errado. Qualquer pessoa que possa dizer de cara limpa que o retrato do aquecimento global feito pela grande mídia foi excessivamente cético merece... bem, um Oscar. Está bem, deixe-me explicar melhor minha crítica.

Devemos realmente acreditar que o retrato feito pela mídia do aquecimento global é "um dos principais motivos" pelos quais os líderes políticos demoraram a agir? Para mim, as implicações disso são que:

  • O retrato da questão feito pela mídia foi tão comprometido que deixou de soar o alarme (uma implicação que eu rejeitaria).

  • Os retratos feitos pela mídia dos problemas mundiais são o que geralmente leva os líderes políticos a reagir (uma implicação que, com notáveis exceções, eu também rejeitaria).

    Talvez minhas objeções sejam meramente função de meu próprio viés como jornalista - e, mais especificamente, como um colaborador, ex-editor e antigo leitor do "New York Times", que apesar das alegações do estudo acadêmico citado por Gore dificilmente foi cético em relação à contribuição humana para o aquecimento global.

    Eu também fico surpreso com o momento escolhido para os comentários de Gore. Ele acaba de ganhar uma espécie de guerra (ao ter conseguido recentemente, de maneira grandiosa, ocupar o palco global sobre a questão) somente para dar meia-volta e lamentar uma batalha que ele acha que perdeu.

    Em outras palavras, a mídia toda está tratando da questão agora, por isso não tenho certeza por que Gore - um sujeito que tem senso de humor - decidiu olhar para trás com raiva em vez de olhar para frente. Talvez sua relação de amor e ódio com a mídia tenha alguma coisa a ver com isso.
    Stephen J. Dubner

    Ômega-3 faz milagres?

    Cerca de duas vezes por ano eu tenho um surto de saúde que dura algumas semanas. Geralmente isso significa fazer corridas de 1,5 quilômetro duas ou três vezes, fazer o máximo de flexões que eu conseguir (cerca de oito) toda noite, aumentar as fibras em minha dieta, elevar meu consumo de suco de cenoura e tomar qualquer pílula de saúde que esteja na moda.

    Estou em pleno surto de saúde neste momento. Minha pílula preferida desta vez é a de óleo de peixe ômega-3. O ômega-3 teria supostamente todo tipo de benefícios maravilhosos, incluindo reduzir doenças cardíacas e ajudar a função mental.

    Não me sinto nem um pouco diferente hoje de duas semanas atrás, quando comecei a tomar o ômega-3 - não que eu esperasse. O mesmo não se pode dizer sobre Seth Roberts, um professor associado de psicologia na Universidade da Califórnia em Berkeley e autor do livro "The Shangri-La Diet", que se baseia no estilo de vida do caçador-coletor da Idade da Pedra. Escrevemos sobre Roberts na versão de nossa coluna no "The New York Times"; ele é um extraordinário auto-experimentador.

    Roberts diz que viu impactos profundos e imediatos do ômega-3 em seu equilíbrio. Toda manhã, por motivos que não posso compreender, Seth sobe no que ele chama de seu "equilibrômetro" - um equipamento caseiro construído com uma prancha, um pedaço de cano de meia polegada, um livreto com cerca de 20 páginas como base e um cronômetro - e vê quanto tempo consegue se equilibrar em uma perna.

    Depois de aumentar sua dose de ômega-3, no dia seguinte marcou seu recorde pessoal no equilibrômetro. Será realmente que a colher de chá extra de óleo de sementes de linhaça (que tem bastante ômega-3) fez isso? Seth acha que sim. Eu sou mais cético.

    Uma explicação alternativa é que não é o ômega-3 em si, mas a crença de Seth de que o ômega-3 funciona, que o ajuda a se equilibrar. É claro que se tudo o que interessa a Seth é ter bom equilíbrio, realmente não importa se for o ômega-3 ou sua crença nele.
    Steven D. Levitt

    Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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