quarta-feira, 4 de abril de 2007

Especialistas discutem se MDL é subsídio ou barreira

Apesar de muitos acharem que o mercado de carbono é algo novo e prematuro, especialistas mostram que já está bem maduro; tanto que as preocupações agora são com o curto espaço de tempo para investir antes que possa acabar, em 2012. Por isso, antes de colocar uma idéia em prática é preciso avaliar o custo e o tempo que levará para gerar créditos. Outro fator apontado como fundamental para definir o potencial do projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é a monitoração, já que se não bem executada pode inviabilizar o recebimento das Reduções Certificadas de Emissões (CERs)


Hoje existem 800 milhões de toneladas de emissões reduzidas em projetos registradas pela ONU, mas a projeção é de que em 2010 sejam 3,1 bilhões de toneladas. Hoje a União Européia, o Japão e o Canadá têm uma demanda líquida de 2,7 milhões de toneladas sem planos para redução. Apesar disso, os países europeus podem compensar somente 50% das cotas com compras de CERS.


Em 2006 foram negociados 3.3 milhões de euros em CERs. No entanto, os grandes riscos que envolvem investir num mercado que parece tão envolvente são que não existem muitas garantias de que os créditos realmente serão gerados, assim como se o mercado continuará após o fim da primeira fase de Kyoto, em 2012.


Isso porque os países compram a termo, ou seja, terão direito ao crédito no futuro, pois quando negociados muitos projetos ainda não geram os reduções. Este é um dos fatores que faz o preço cair nos mercados de carbono, já que as incertezas são maiores e os riscos assumidos pelos vendedores menores.


“Aqueles que tem liquidez e dinheiro para investir saem na frente”, afirma o especialista em projetos MDL da EcoSecurities, Phillipp Hauser. Ele explica que cada vez que você avança uma etapa do ciclo de MDL, mais valor você agrega ao projeto e maior será o CERs no mercado. “Normalmente 40% dos custos são antes de saber se o projeto dará certo”, lembra.


Por isso projetos pequenos são difíceis de serem levados adiante. Hauser destaca que a média é de um ano e meio a dois para gerar receita. “Os CERs são um subsídio que você ganha arduamente. O processo é tão complicado que muitas empresas não conseguem fazer”, diz.

(Paula Scheidt/ CarbonoBrasil)

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