quarta-feira, 21 de março de 2007

Novos sinais de aquecimento global ameaçam reduzir inverno e afetar agricultura

Roberta Jansen - O Globo
Publicada em 21/03/2007 às 04h36m


RIO - Uma paisagem típica da caatinga nordestina pode se tornar mais comum no Sudeste do país até o fim do século em razão das mudanças climáticas em curso. A temperatura mínima tende a aumentar até 4 graus Celsius, levando praticamente ao fim do inverno tal como o conhecemos em várias áreas da região, segundo aponta um estudo realizado em Minas Gerais pelo Departamento de Agrometeorologia da Embrapa. O estudo foi feito na cidade de Sete Lagoas, onde a Embrapa mantém uma das mais antigas estações de medição de temperatura. Funcionando desde 1926, a estação é uma das poucas do país a ter séries históricas de temperatura por 80 anos ininterruptamente. Embora o estudo seja local, os pesquisadores envolvidos acreditam que seus resultados indicam uma tendência para o Sudeste do país.

Os cientistas estimam que a temperatura média da cidade deve aumentar em 1,9 grau Celsius até o fim do século. O aumento das temperaturas máximas é menor, 1 grau. Mas o que mais chamou a atenção foi a elevação da temperatura mínima em 4 graus Celsius. Em 2020, o clima será parecido com o de Montes Claros, 300 quilômetros ao norte, no semi-árido. O clima hoje em Sete Lagoas é típico de cerrado. Ou seja, o que o estudo mostra é uma expansão do semi-árido, da caatinga.

Segundo o cientista Daniel Pereira Guimarães, um dos autores do estudo, de forma geral, quase todas as cidades do Sudeste e do Sul do Brasil apresentam uma tendência de aumento das temperaturas. No Nordeste os dados não são conclusivos.

Alterações no inverno do Sudeste podem levar a graves conseqüências para a agricultura, principal foco das medições climáticas realizadas pela Embrapa. A evaporação maior de água e o ressecamento dos solos alteram consideravelmente os cultivos, favorecendo aqueles típicos de regiões mais secas do Nordeste.

Fonte: O Globo

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