Por Antônio Martins, do Outras Palavras*
Movimentos como prosperidade do Império Romano, pestes e migrações maciças teriam sido influenciados por alterações ambientais.
Surgiu mais um dado importante, para o debate crucial sobre as consequências do aquecimento da Terra. A revista Science acaba de publicar os resultados de um vasto estudo que relaciona episódios marcantes da História, nos últimos 2500 anos, com mudanças atmosféricas na Europa. Situações naturais favoráveis, revela a pesquisa, influenciaram períodos de expansão da atividade material e intelectual humana — como no fase de glória do Império Romano. Em contrapartida, fenômenos como a peste que dizimou a população europeia no século 14, ou as crises que provocaram grandes migrações no século 19, teriam, entre suas causas, um clima hostil.
O trabalho é obra de uma equipe de cientistas coordenada por Ulf Büntgen, paloclimatólogo do Instituto Federal de Pesquisas sobre a Floresta, de Zurique. Baseou-se na dendrocronologia, o estudo que relaciona as idades das árvores com os aneis de seus troncos. A equipe de Büntgen examinou estudos de 9 mil amostras de árvores, colhidas nos últimos trinta anos, no Velho Continente, por arqueólogos. Cotejou-as com outras amostras, de plantas vivas. A partir da comparação, pensa ter feito descobertas importantes sobre a evolução da temperatura e umidade do ar.
O período de cinco séculos que se estende entre 300 a.C e o ano 200 parece ter sido marcado por verões quentes e úmidos. Eles favoreceram a atividade agrícola, base principal da economia da Antiguidade, e impulsionaram uma longa fase de desenvolvimento da produção, comércio, ciência e artes. É, também, o período de expansão do Império Romano. Um outro período quente e úmido abrangeu os séculos 11 a 13, quando se deu a chamado apogeu da Idade Média.
Já o período de declínio acelerado de Roma, e desmantelamento de seu império, pode ter sido acelerado por uma fase de seca prolongada. Outras condições metorológicas desfavoráveis (agora, temperaturas muito baixas associadas a umidade alta) coincidiriam com a epidemia de peste que dizimou boa parte da população europeia, no século 14, e com a escassez de alimentos que provocou as migrações maciças (rumo à América, principalmente) nos anos 1800.
O estudo, possivelmente pioneiro (veja resumo - http://www.sciencemag.org/content/early/2011/01/12/science.1197175 - e coleção de gráficos e tabelas - http://www.emetsoc.org/annual_meetings/documents/presentations_2010/UC4_Buentgen.pdf), abre uma pista para o investigação sobre as mudanças climáticas do passado e suas consequências. Além disso sugere, como declarou Büntgen, “repensar a hesitação atual, política e fiscal, em enfrentar a mudança climática acelerada do século 21″.
*Publicado originalmente no portal Outras Palavras. Para conhecer acesse http://ponto.outraspalavras.net/.
Surgiu mais um dado importante, para o debate crucial sobre as consequências do aquecimento da Terra. A revista Science acaba de publicar os resultados de um vasto estudo que relaciona episódios marcantes da História, nos últimos 2500 anos, com mudanças atmosféricas na Europa. Situações naturais favoráveis, revela a pesquisa, influenciaram períodos de expansão da atividade material e intelectual humana — como no fase de glória do Império Romano. Em contrapartida, fenômenos como a peste que dizimou a população europeia no século 14, ou as crises que provocaram grandes migrações no século 19, teriam, entre suas causas, um clima hostil.
O trabalho é obra de uma equipe de cientistas coordenada por Ulf Büntgen, paloclimatólogo do Instituto Federal de Pesquisas sobre a Floresta, de Zurique. Baseou-se na dendrocronologia, o estudo que relaciona as idades das árvores com os aneis de seus troncos. A equipe de Büntgen examinou estudos de 9 mil amostras de árvores, colhidas nos últimos trinta anos, no Velho Continente, por arqueólogos. Cotejou-as com outras amostras, de plantas vivas. A partir da comparação, pensa ter feito descobertas importantes sobre a evolução da temperatura e umidade do ar.
O período de cinco séculos que se estende entre 300 a.C e o ano 200 parece ter sido marcado por verões quentes e úmidos. Eles favoreceram a atividade agrícola, base principal da economia da Antiguidade, e impulsionaram uma longa fase de desenvolvimento da produção, comércio, ciência e artes. É, também, o período de expansão do Império Romano. Um outro período quente e úmido abrangeu os séculos 11 a 13, quando se deu a chamado apogeu da Idade Média.
Já o período de declínio acelerado de Roma, e desmantelamento de seu império, pode ter sido acelerado por uma fase de seca prolongada. Outras condições metorológicas desfavoráveis (agora, temperaturas muito baixas associadas a umidade alta) coincidiriam com a epidemia de peste que dizimou boa parte da população europeia, no século 14, e com a escassez de alimentos que provocou as migrações maciças (rumo à América, principalmente) nos anos 1800.
O estudo, possivelmente pioneiro (veja resumo - http://www.sciencemag.org/content/early/2011/01/12/science.1197175 - e coleção de gráficos e tabelas - http://www.emetsoc.org/annual_meetings/documents/presentations_2010/UC4_Buentgen.pdf), abre uma pista para o investigação sobre as mudanças climáticas do passado e suas consequências. Além disso sugere, como declarou Büntgen, “repensar a hesitação atual, política e fiscal, em enfrentar a mudança climática acelerada do século 21″.
*Publicado originalmente no portal Outras Palavras. Para conhecer acesse http://ponto.outraspalavras.net/.
(Envolverde/Outras Palavras)
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