O fundador do grupo, Stephen Kretzmann, afirmou à agência espanhola Efe que “o Banco Mundial repete que os projectos de exploração de petróleo ou de carvão que financia beneficiam os pobres da região [da exploração], mas não é certo”.
A divulgação do documento, em que se analisam os projectos que o BM financiou nos anos orçamentais 2009 e 2010 para a exploração de carvão e petróleo, coincide com a assembleia geral anual do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, que juntará, em Washington, ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais de todo o mundo.
“Os múltiplos problemas da pobreza, da energia e das mudanças climáticas são enormes”, assinala o grupo, na introdução do documento.
Em todo o mundo, mais de uma em cada cinco pessoas não tem acesso a electricidade e “quase duas em cada cinco dependem de lenha e materiais biológicos combustíveis para a cozinha e o aquecimento”, acrescenta-se.
No período em referência, o BM financiou projectos de petróleo e carvão em mais de 7,2 mil milhões de dólares (5,2 mil milhões de euros).
Kretzmann salienta que em nenhum dos documentos de planeamento dos projectos se menciona o acesso das populações pobres à electricidade como uma das suas metas.
O estudo aponta que “os únicos utilizadores finais identificados e destinatários dos projectos são os consumidores industriais e comerciais”.
O Banco Mundial, em comunicado do seu porta-voz, Roger Morier, indicou que, “na década passada, os países mais pobres servidos pelo BM construíram e tornaram mais fiável um abastecimento de eletricidade de quase oito gigawatts”.
Acrescenta-se no texto que “24 milhões de pessoas tiveram acesso à energia, pela primeira vez, graças à construção de 43 400 quilómetros de redes de transporte e distribuição”.
O Oil Change International aponta que na vasta maioria dos projectos financiados pelo BM em hidrocarbonetos – que incluem uma central de carvão na Índia, a produção de energia com gás natural na Turquia ou a exploração de petróleo na Tunísia – não estão identificados os consumidores prioritários.
Apenas um dos projectos – a produção de electricidade a partir de gás natural e um gasoduto no Bangladesh – contém a possibilidade de dar acesso aos pobres e apenas dois incluem, como meta, a melhoria da confiança no fornecimento de eletricidade para as camadas mais pobres.
“Se o Banco não obriga a que os pobres, que são os que ficam sempre excluídos, consigam ligação [à rede eléctrica], a eletricidade irá simplesmente para a procura crescente da classe média”, afirmou a co-autora do estudo Heike Mainhardt Gibbs, que acrescentou: “Os pobres, como sempre, ficam às escuras.”
O Oil Change International é um grupo de activistas que pretende evidenciar o custo real dos combustíveis fósseis, apontando designadamente as ligações entre políticos e empresas, e facilitar a transição para a chamada energia limpa.
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