terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

ONU defende IPCC em erro sobre Himalaia

Homem caminha com criança em frente à geleira de Gankar Punsun em Dochula no Butão: há mais de 90% de certeza de que a atividade humana é a principal causa das mudanças climáticas globais.

OSLO - A ONU saiu hoje em defesa da sua comissão científica para o clima, criticada por ter feito um alerta infundado a respeito do degelo dos glaciais do Himalaia.

Achim Steiner, chefe do Programa de Meio Ambiente da ONU, que patrocina o Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), disse que esse órgão científico "continua sendo sem dúvida o melhor e mais sólido fundamento" para a avaliação da questão climática no planeta.

Steiner disse que as críticas ao IPCC e ao seu presidente, Rajendra Pachauri, alcançaram "proporções quase de caça às bruxas em alguns quadrantes", e que por

conta de um erro houve quem chegasse a equiparar a mudança climática "a um boato comparável ao bug do milênio".

No mês passado, o IPCC se desculpou pelo exagero em um relatório que alertava que as geleiras do Himalaia podem derreter completamente até 2035.

Steiner disse que é correto expor erros e cruzar fontes, e que também é correto o fato de a comissão ter admitido a necessidade de controles mais rígidos. O IPCC foi criado em 1988 pelo Programa de Meio Ambiente e pela Organização Meteorológica Mundial.

"Deixemos de lado também o mito de que a ciência da mudança climática está com um rombo abaixo da linha da água e está afundando rapidamente em um mar de

falsidades", escreveu ele num artigo distribuído à imprensa internacional.

Steiner disse que o erro ocorreu por causa de um "erro tipográfico", já que uma fonte original havia cogitado o degelo das geleiras do Himalaia até 2350, e não 2035.

"O IPCC é tão falível quanto os seres humanos que o compõem", argumentou.

Mas o erro - e a exposição de checagens mal feitas e do uso de uma "literatura cinzenta", fora das publicações revisadas por cientistas - danificou a imagem do IPCC, que em 2007 recebeu o Prêmio Nobel da Paz junto com o ativista climático Al Gore.

No mesmo ano, o IPCC concluiu que há mais de 90% de certeza de que a atividade humana é a principal causa das mudanças climáticas globais.

As conclusões do IPCC não são meramente acadêmicas, pois podem influenciar medidas políticas com um impacto econômico de trilhões de dólares.

Pachauri prometeu que não irá deixar o cargo por causa da polêmica, e Steiner afirmou que ao longo dos anos a comissão se guia "pela cautela, e não pelo sensacionalismo". Ele lembrou ainda que desde 2007 o IPCC vem sendo criticado por ser conservador demais na sua projeção sobre a possível elevação do nível dos mares neste século.

Fonte: http://info.abril.com.br/

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