sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Alerta em relação ao futuro do planeta abre o debate na 1ª CNSA

Suelene Gusmão

Com muitos alertas em relação ao futuro do planeta Terra começou nesta quinta-feira (10/12) em Brasília a 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental (CNSA). Dezenas de delegados saudaram o encontro formando rodas e cantando, de mãos dadas, a músicas-temas do encontro.

Por volta das 9h45, o grande auditório abriu espaço à democracia: representantes de quase todas as unidades da Federação saudaram o público e se apresentaram, em clima de cordialidade. A secretária de Articulação Institucional do MMA, Samyra Crespo, representou o Ministério do Meio Ambiente na abertura do evento.

O cientista social e educador popular, Ivo Poletto abriu as apresentações contando à Plenária da 1ª CNSA sua experiência com movimentos sociais de todo o País. Segundo ele, é preciso compreender que não somos os únicos seres vivos que existem no planeta. "É preciso que superemos a visão antropocêntrica das ciências sociais", disse. "Por termos organizado todos os meios de consumo com base em nossos interesses, colocamos em risco a saúde da Terra", acrescentou.

Para o educador popular, o homem precisa estabelecer o diálogo e a complementaridade com a Terra, "também um ser vivo". Foi nesse tom de preocupação que o sociólogo dissociou a saúde nos distintos biomas brasileiros. "É muito diferente pensar a saúde na Amazônia ou pensar no pampa. Ou ainda pensar a saúde no Cerrado e na Caatinga", explicou.

"Se queremos propor uma política que integre ambiente e saúde, precisamos pensar as condições dessa relação em cada bioma", recomendou.

A segunda palestrante do dia usou palavras simples para emocionar. A quebradeira de coco Raimunda Gomes da Silva encampa, há duas décadas, uma luta em prol das mulheres da região do Bico do Papagaio, no estado do Tocantins, e em defesa do cerrado e da atividade econômica envolvendo o babaçu. "A gente luta em defesa da vida, pelo babaçu e pelo cerrado, que tem nossas plantas medicinais e nossas águas", disse, após se desculpar por não ter diploma.

Depois de pedir a todos para se conscientizarem da necessidade de se lutar por um Brasil melhor, a quebradeira de coco, indicada ao Prêmio Nobel da Paz, fez uma advertência. "Nós vamos morrer tudo junto. Quem tá matando nós é nós mesmo. Nossos tataranetos vão ver papagaio apenas pintado na parede", afirmou.

O último participante da palestra magna levou à 1ª CNSA uma problemática do cotidiano bastante relacionada à saúde ambiental e humana: o saneamento básico. Professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Leo Heller disse que o consumo de água no planeta leva a grandes impactos no meio ambiente e na saúde da população.

Segundo ele, o saneamento reproduz a desigualdade social e, ao mesmo tempo, pode causar riscos à saúde humana, por meio da ingestão de água, manejo inadequado de resíduos sólidos, entre outros. "Temos de investir fortemente na melhoria do sistema público de saneamento. A falta de saneamento é um problema de política pública", ressaltou.

Heller destacou os planos municipais de saneamento básico e o Plano Nacional de Saneamento como alternativas para que as políticas de saneamento sejam permanentes e contínuas.


ASCOM/MMA

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