quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Estudo prevê impactos na economia provocados pelo aquecimento global

Carlos Américo

O estudo "Economia das Mudanças do Clima no Brasil", lançado nesta quarta-feira (25/11), em Brasília e no Rio de Janeiro, prevê que o Brasil poderá perder R$ 3,6 trilhões do seu PIB até 2050, em consequência dos impactos provocados pelo aquecimento global. O relatório analisa os impactos da mudança climática no desenvolvimento do país, com perspectivas macroeconômicas, regionais e setoriais, além de recomendações para adaptação, mitigação e ações prioritárias.

Segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que participou do lançamento no Rio de Janeiro, os dados desse estudo vão ser utilizados, por exemplo, em um programa do governo federal de prevenção das mudanças climáticas no Nordeste, a ser lançado em fevereiro do ano que vem, pelo presidente Lula. 

Para Minc, o estudo mostra que as consequências da mudança do clima no futuro já é fato. "Elas virão e não serão pequenas", disse Minc, que ressaltou que a sociedade precisa pressionar as autoridades públicas e os diferente setores econômicos para implementar ações de redução de CO2 e de mitigação dos efeitos do aquecimento global.

O estudo, desenvolvido por cientistas das principais instituições de pesquisa do país, é inédito e foi inspirado no Relatório Stern, do Reino Unido, que fez uma análise econômica do problema das mudanças climáticas em nível global. O ponto de partida foram projeções do comportamento do clima até 2050, como temperatura e fluxo hidrológico. A partir daí, foram interpretados os impactos econômicos para cada setor econômico. Foram usadas possíveis trajetórias do aquecimento global, desenvolvidas pelo Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC).

A Amazônia e o Nordeste serão as regiões brasileiras que terão o maior impacto do aquecimento global, prevê o estudo. O aquecimento na Amazônia pode chegar a 8ºC em 2100. Com esse cenário, 40% da cobertura florestal na região sul-sudeste-leste da Amazônia poderá ser substituída por savana.

Já no Nordeste, as chuvas tenderiam a diminuição de cerca de 2,5 mm por dia até 2100, causando uma brusca redução na vazão das principais bacias hidrográficas. A geração de energia poderá ter uma redução de cerca de 30%. Com menos chuva, o Nordeste ainda poderá ter grandes perdas agrícolas, além de reduzir em 25% a capacidade de pastoreiro de bovinos de corte.

O estudo também prevê perdas expressivas para a agricultura em todos os estados. Todas as culturas, com exceção da cana-de-açúcar, sofreriam redução das áreas com baixo risco de produção, em especial a soja (até 34%), milho (15%) e café (18% ).

O estudo também mostra ações de adaptações às mudanças climáticas. Considerando o pior cenário elevação do mar, a estimativa dos valores materiais em risco ao longo da costa brasileira é de R$ 136 bilhões a R$ 207,5 bilhões. Para adaptações, o documento sugere o investimento de R$ 3,72 bilhões até 2050, em pesquisas e políticas públicas para prevê e conter o avanço do mar.

O relatório recomenda, ainda, que as ações de proteção social sejam reforçadas para a população mais pobres do Norte e Nordeste. Dentre as ações prioritárias citadas no estudo, estão a de garantir que a matriz energética mantenha-se limpa, estancar o desmatamento na Amazônia, investimento em pesquisas.

Participaram do lançamento do estudo "Economia das Mudanças do Clima no Brasil" os coordenadores técnicos do relatório Sérgio Margulis (Banco Mundial) e Carolina Dubeox (Coppe/UFRJ), o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e o embaixador do Reino Unido, Alan Charlton, que deu apoio à produção.


Veja resumo executivo do estudo
ASCOM

Nenhum comentário: