terça-feira, 4 de novembro de 2008

Futuro do planeta preocupa jovens cientistas

Por Talita Mochiute, do Aprendiz

A questão ambiental esteve no centro da atenção dos jovens cientistas do Ensino Médio e Técnico que participaram da Mostra Internacional de Ciências e Tecnologia (Mostratec), que terminou no dia 1 de novembro em Novo Hamburgo (RS). Dos 220 projetos apresentados na feira, 50 deles estavam inscritos na área de meio ambiente.

Trabalhos de outras áreas também se relacionavam à preocupação ambiental. Por exemplo, os estudantes Everton Hörlle, Michel Rocha e Henrique Kolling, do Centro Tecnológico do Couro Senai, da cidade de Estância Velha (RS), com projeto inscrito na área de Química, estudaram uma alternativa para o reuso de óleo de cozinha. Por meio de tratamento químico, conseguiram transformar o óleo de soja em óleo para engraxar couros.

Já as alunas Luciana Canova e Maila Cardoso, da Fundação Liberato, de Novo Hamburgo (RS), desenvolveram um processo de reciclagem de CDs e DVDs. “Sempre lia as notícias sobre apreensão de mídias piratas e ficava pensando qual era o destino desse lixo”, comentou Luciana. “O nosso objetivo era reaproveitar o policarbonato, um tipo de plástico, presente nestas mídias”, explicou Maila.

Segundo as estudantes, após pesquisas bibliográficas e experimentos, chegaram a um processo eficiente e viável de reciclagem do policarbonato. “Primeiro, realizamos limpeza por jato de microesfera nos CDs. Removida a tintura da mídia, o plástico passa por moagem e secagem. Em seguida, levamos as partículas para uma máquina de injeção. Neste processo, o plástico é derretido e injetado em moldes utilizados na indústria”, descreveu Luciana. As jovens ainda testaram a qualidade da matéria-prima reciclada e os resultados foram positivos. A próxima parte da pesquisa é realizar o estudo dos custos desse processo em grande escala.

Também preocupados com o impacto ambiental os estudantes Gustavo Link, Giácomo Bonorino e Lucas Piffer, da Fundação Liberato (RS), pesquisaram a quantidade da poluição causada pelo desgaste das pastilhas de freio. “Consultamos um artigo do Instituto Fraunhofer, da Alemanha, que discutia o perigo da liberação do cobre, zinco e chumbo (componentes dos freios) ao meio ambiente. Esses metais pesados têm ainda efeito acumulativo no corpo humano”, explicou Lucas.

O estudo levantou a emissão desses poluentes apenas em Novo Hamburgo (RS). Outro recorte foi estimar poluição de veículo de passeios. Os cálculos estatísticos dos jovens cientistas mostraram que cerca de quatro mil toneladas de metais pesados foram emitidas ao meio ambiente. “Com esses resultados, queremos justificar nossa futura pesquisa. O objetivo agora é propor melhorias na composição das pastilhas de freio”, afirmou Lucas.

Os estudantes chilenos Dylan Jeremy Noriega Duran e Daniela Patrícia Pizarro Pumarino, da Escola D-65 Padre Gustavo Le Paige, criaram um forno solar. “Em nossa cidade, Antofogasta, o clima é desértico e a temperatura elevada. Considerando esses dois fatores, fizemos uma pesquisa estatística e descobrimos um total desconhecimento de como utilizar a energia solar”, explicou Dylan sobre o surgimento da idéia.

Para a construção do forno solar, os alunos utilizaram caixa de madeira, papel alumínio, espelho e vidro. De acordo com os estudantes, o alimento deve ser colocado no interior da caixa e permanecer por uns 20 minutos. A luz entra pela tampa de vidro. O alumínio, o espelho e a pintura preta ajudam absorver e difundir o calor. “É uma proposta para pensarmos mais no uso da energia solar em nosso cotidiano”, conclui Dylan.

Conscientização e ação

As irmãs Cassanti, Ana Claudia e Ana Clara, e Felipe Fernandes, do Colégio Dante Alighieri (SP), apresentaram na Mostratec o trabalho realizado no programa Embaixadores do Clima. Realizado pelo British Council, organização internacional do Reino Unido para Educação e relações culturais, o programa oferece treinamento a estudantes sobre as mudanças climáticas para serem multiplicadores do tema.

“Acreditamos ser importante o conhecimento sobre a problemática do aquecimento global para todos. Nós disseminamos aos alunos de nossa escola o que aprendemos nas palestras e também propomos a eles ações”, explicou Ana Claudia.

Uma dessas atividades foi plantar mudas de árvores com estudantes do próprio colégio e do Ensino Público. No momento, as irmãs estão criando uma sacola feita de garrafas PET para ser colocada nos carrinhos de supermercado. “A proposta é conscientizar as pessoas para substituição de sacolas plásticas por sacolas PETs”, comentou Ana Clara.
Fonte: Envolverde/Aprendiz

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