quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Buraco na camada de ozônio aumentará por mais 20 anos

Por Sabrina Domingos, do Carbono

Brasil Os maiores buracos na camada de ozônio serão vistos nos próximos 20 anos, afirma o físico Luiz Carlos Molion, da Universidade Federal de Alagoas. Isso porque, segundo ele, a destruição do ozônio está mais relacionada com a atividade solar do que com a emissão dos clorofluorcarbonos (CFCs) usados em abundância na década de 70 em tubos de spray e geladeiras.

Nas últimas semanas, o buraco sobre a Antártica tem aumentado rapidamente, já tendo alcançado 27 milhões de quilômetros quadrados, mais do que o máximo registrado em 2007. Até agora, o ano de 2006 foi o que apresentou a maior destruição da camada de ozônio, com o buraco chegando a 29,5 milhões de quilômetros quadrados.

Pesquisadores defendem que, se não fosse o Protocolo de Montreal, ratificado em 1987, pelo qual 193 países se comprometeram em eliminar a produção e uso dos CFCs em 95%, o afinamento da camada de ozônio dobraria em 2050 a quantidade da radiação ultravioleta capaz de alcançar a superfície terrestre no hemisfério norte e quadruplicaria a do hemisfério sul.

Já, pela teoria defendida por Molion, a produção da radiação ultravioleta é reduzida quando o Sol está em uma fase de pouca atividade. E, como o ultravioleta é essencial para produção de ozônio (pois quebra a molécula de oxigênio que, ao se recombinar, forma o ozônio), a falta dessa radiação faz com que a camada fique menor.

O físico acrescenta que é um erro fundamental dizer que o ozônio filtra os raios ultravioleta. “Na verdade, para formação do ozônio, o ultravioleta é consumido, é diferente”.

Ele explica ainda que o Sol possui ciclos de 90 anos e que o ponto máximo de atividade solar foi registrado pela última vez em 1960. “Com base nisso, eu posso prever que lá pelo ano de 2050 a camada de ozônio se recuperará e voltará aos mesmos níveis, independente de CFCs ou não”, afirma.

Atualmente, no entanto, o Sol se encaminha para o mínimo de atividade, o que fará com que a camada de ozônio continue diminuindo, explica Molion. “Eu não tenho dúvida de que vamos presenciar nesses próximos 20 anos, enquanto o Sol estiver quieto, os maiores buracos na camada de ozônio já vistos até então”, declara.

As opiniões de Molion têm sido deixadas de lado pela comunidade científica desde a década de 90, quando Mário Molina, recebeu o Prêmio Nobel de Química com uma série de seis equações químicas, sendo que a quinta delas era crucial para explicar a liberação do cloro que viria a destruir o ozônio. Com isso, os CFCs foram acusados como responsáveis pela destruição da camada de ozônio.

Na época, Molion argumentou que a tal equação química não seria a realizada pela natureza, porque seguia num caminho de maior consumo de energia, enquanto, segundo ele, a natureza sempre opta pela baixa energia. “Eu simplesmente argumentei sob o ponto de vista teórico, mas com aquele conjunto de equações o Mário Molina virou Prêmio Nobel de Química em 1995. E eu fui posto na geladeira entre 1992 e 1997, e nunca mais fui convidado para nada”, recorda.

Eis que em abril deste ano pesquisadores da NASA deram força para Molion retomar a defesa de sua teoria. Experimentos realizados em um dos laboratórios da agência espacial norte-americana demonstraram que a probabilidade da quinta equação descrita pelo vencedor do Prêmio Nobel ocorrer é de 10-7. “Ou seja, não existe”, exclama Molion.

“Finalmente apareceu alguém para mostrar que, mesmo em laboratório, é muito difícil conseguir que essa reação exista. Portanto o cloro não pode ser liberado e não pode cataliticamente destruir o ozônio”, enfatiza o físico.

Ele explica que, como a molécula de CFC tem um peso molecular de cinco a seis vezes maior do que o ar, é muito difícil fazê-la subir na atmosfera. “Se levantar ar seco já é difícil, imagina uma molécula mais pesada, que ainda teria de viajar, passar pela propopausa (que é uma inversão de temperatura) e chegar a 40 quilômetros de altura, para depois ser quebrada pelo ultravioleta e liberar o cloro que destrói o ozônio”, indaga Molion ao destacar que o Protocolo de Montreal foi tão rapidamente aceito por prever sanções severas aos países que não o assinassem.

Fonte: Envolverde/CarbonoBrasil

Um comentário:

Luiz Bento disse...

Não concordo muito com este físico. Na verdade o buraco na camada de ozônio está variando há alguns anos. Este ano aumentou, mas ainda está menor do que era em 2006.

Postei no meu blog sobre isso.
http://discutindoecologia.blogspot.com/2008/10/buraco-na-camada-de-oznio-aumentou-2.html

Abraços.